terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Amazonês de Sérgio Freire


A paixão pela ciência, pela linguagem e principalmente pelo Amazonas moveu o Professor Dr. Sérgio Freire a pesquisar durante cinco anos os termos e expressões amazonenses que derivam de inúmeras vertentes da linguagem, desde os termos usados pelos indígenas no séc. XVI até mesmo o som “chiado” dos portugueses. Todo o trabalho desempenhado pelo professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) resultou na publicação do livro Amazonês – Termos e Expressões Usadas no Amazonas lançado recentemente pela Editora Valer.
 No livro Amazonês é apresentado o encontro linguístico entre variantes da língua portuguesa brasileira, como o cearês dos migrantes nordestinos que vieram para o Amazonas nos tempos da borracha, o indígena com o Nheengatu natural da região no séc. XVI e o chiado do português de Portugal que se manteve até hoje no s final da pronúncia dos amazonenses. Alguns exemplos desses encontros são os termos e expressões como arrudear, bucho e desconforme (nordeste) e carapanã, mangarataia e empachado (indígena).  
A cultura no Amazonas é rica e peculiar como qualquer outra e a linguagem não podia ser diferente, mesmo assim, o autor deixa claro que não há exclusividade do falar amazonense, devido à constante mudança da língua: “Estar neste pequeno dicionário não batiza a palavra como amazonense, mas a naturaliza como cidadã do maior estado do país porque ela faz sentido na linguagem dessa região” (FREIRE, 2011).
Fazer pesquisa implica em fazer ciência e isso no Brasil é um negócio difícil de realizar. É por meio dela que tentamos compreender melhor a linguagem, as pessoas e até o mundo, e foi nesse contexto que Sérgio Freire construiu seu trabalho, quando realizou de uma maneira singular a busca de um dos maiores índices de identidade que conhecemos - a língua, a língua falada no Amazonas - o Amazonês, que é apenas uma parte constituinte da língua portuguesa brasileira.
O Amazonês de Freire é isso, a busca de uma identidade amazônica, a busca por uma linguagem tão intimamente nossa que misturada a outras se tornou única e por essas características nas poucas páginas de seu livro, hoje, um dos mais vendidos e procurados nas livrarias em Manaus, conseguiu chamar a atenção para nossa cultura e a nossa realidade pouco conhecida ou reconhecida no resto do país.