quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Chegadas e Partidas | Outubro de 2012


Chegadas e Partidas | Outubro de 2012

A história do cinema é repleta de glamour, mistérios e tragédias. Assim como nos filmes, a vida dos profissionais da sétima arte – sejam diretores, roteiristas ou atores – prova, mais uma vez, que ninguém foge ao seu destino, seja ele bom ou ruim, determinando o início ou o fim de uma carreira.
O mês de outubro contou com inúmeras perdas para o cinema, principalmente na categoria diretor. Uma dessas perdas ocorreu devido ao falecimento de Claude Pinoteau, aos 87 anos, em Paris. O cineasta francês começou sua carreira no final da década de 40, como assistente de direção. Seu primeiro longa foi lançado em 1973, sob o título de “Les Silencieux”, seguido, no ano seguinte, por “La Gifle”, protagonizado pela então desconhecida atriz Isabelle Adjani. Mais tarde, já em 1980, rodou “La Boum”, uma comédia que lançou a atrizSophie Marceau ao estrelato.
Pinoteau era muito conhecido pelo suspense e film noir, com estética em preto-e-branco e personagens num mundo miserável. Seu último trabalho foi um documentário para a televisão dirigido em 2005, intitulado“Un abbé nommé Pierre, une vie pour les autres”.
Outra perda bastante significativa foi a de Octavio Getino, espanhol que vivia na Argentina, referência em filmes políticos e sociais. Getino faleceu aos 77 anos, por decorrência de câncer. Um dos fundadores do Grupo Cine Liberación, responsável pela utilização do cinema como ferramenta política, em 1969 filmou o documentário “La hora de los Hornos”, no qual abordou o imperialismo na América Latina.
O cineasta ainda exibiu, em 1971, a entrevista que realizou com o ex-presidente Juan Domingo Perón, registrada nos documentários “Perón, La Revolución Justicialista” e “Péron: Actualización Política y Doctrinaria para La Toma del Poder“. Muitas vezes ameaçado de morte,Getino acabou se exilando em lugares como Peru, México e Espanha. Dentre outras realizações, publicou várias obras, inclusive ganhando um prêmio em 1963, pelo livro de contos “Chulleca”.
A respeito de partidas do núcleo de atores, foram poucas. Dentre elas, aos 77 anos, Alex Karras, em decorrência de um câncer. Ex-jogador de futebol americano do Detroit Lions e comentarista de um programa de tv, Karras enveredou em 1970 para carreira de ator, participando de filmes de comédia e musicais como “Victor ou Victoria” (1982), dirigido por Blake Edwards (“Bonequinha de Luxo”, de 1961) e contracenando com Julie Andrews , protagonista da produção. Outra obra que contou com sua presença foi “Porky’s – A Casa do Amor e do Riso” (1982), longa que influenciou roteiristas de gênero comédia para adolescentes, porém o ator ganhou fama mesmo ao participar da série “Webster“, exibida de 1983 à 1989 na televisão americana. Entre outros créditos estão alguns livros sobre sua vida como atleta e astro de tv.
Mantendo o foco nos atores, há também a atriz Sammi Kane Kraft, de 20 anos, morta em um acidente de carro em Los Angeles. A jovem havia participado da comédia “Sujou…Chegaram os Bears”, de 2005, e ainda não tinha uma carreira expressiva no cinema.
Do núcleo brasileiro uma perda representativa foi a de Regina Dourado, conhecida por vários papéis de destaque na teledramaturgia global, como a dona Lucilene, mulher de Salgadinho na novela “Explode Coração” (1995). A atriz faleceu em decorrência de um câncer, aos 59 anos, mas também deixou sua contribuição para o cinema nacional, como sua participação no filme “Amante Latino“, de 1979, no qual interpretava uma cigana dançarina, e sua estreia, em 1984, em “Baiano Fantasma“. Dourado chegou a ganhar um prêmio da crítica no Festival de Gramado, pelo longa “Tigipió – Uma Questão de Amor e Honra”, de 1986, e já na década de 90 atuou em “Corisco e Dada“, “No coração dos Deuses” e “Corpo de Delito”, vencedor do prêmio Sesc – São Paulo.
Entretanto, a perda mais chocante do mês fica a cargo da pérola cinematográfica do erotismo, Sylvia Kristel, atriz que se eternizou no clássico erótico “Emmanuelle” (1974). Devido a um câncer, Kristel faleceu aos 60 anos, em Amsterdã. A holandesa se tornou um ícone da liberação sexual na década de 70, quando protagonizou uma jovem casada que vivia um relacionamento aberto com marido e expressava sua ardente sexualidade, experimentalismos e sexo livre em lugares exóticos com seus inúmeros amantes. O filme foi baseado no romance autobiográfico da francesa Marayat Bibich, sob direção de Just Jaeckin, e surpreendeu tanto que em países como França e Japão permaneceu em cartaz por mais de uma década.
Além das sequências de “Emmanuelle“, Kristel atuou em cerca de 50 filmes, a maioria com conteúdo erótico, trabalhando com o diretor Alain Robbe-Grillet em “Jogo de Fogo“, de 1975, também conhecido pelo teor sexual em suas obras. Na filmografia de Kristel, é possível ainda destacar um outro longa belíssimo: “O Amante de Lady Chatterley” (1981). A adaptação da obra-prima de D.H. Lawrence contou com Sylvia no papel de esposa solitária de um rico aristocrata que ficou paraplégico, permitindo que ela tenha um amante que satisfaça todas as suas necessidades e fantasias.
O câncer da atriz, que enfrentou problemas com drogas, foi diagnosticado em 2003. Ela foi casada com o escritor Hugo Claus e teve um filho. Sylvia Kristel lançou em 2006 uma autobiografia, intitulada “Nua”, na qual fala sobre todos esses anos felizes e conturbados de sua vida.
Mas vamos encerrar as histórias tristes e despedidas singelas, pois os novos talentos do cinema merecem o seu espaço e alguns até são promessas para a sétima arte nos próximos anos. Uma das possíveis futuras estrelas é a búlgara Nina Dobrev, famosa pela ex-humana e recém-vampira Elena Gilbert da série de sucesso “The Vampire Diaries”. Nina pode ser vista nos cinemas através de sua participação especial no filme “As Vantagens de Ser Invisível” (2012), do autor e diretor Stephen Chbosky. O papel da atriz é secundário e bem diferente da série, mas estritamente importante na vida do protagonista: ela dá vida a Candace, irmã mais velha do problemático Charlie (Logan Lerman), que oferece uma nova perspectiva para o irmão se tornar bem diferente.
A propósito, novato na categoria, Chbosky escolheu mostrar os problemas dos adolescentes baseado no seu próprio livro, que leva o mesmo título, alterando passagens de forma a intensificar e adaptar corretamente a obra para o formato audiovisual. O cineasta conseguiu transformar um assunto batido, com dramas vividos na fase mais perturbadora da vida de muita gente, seguindo um caminho distinto, abordando temas complicados sem ser superficial e escolhendo um elenco que está conquistando seu espaço. No filme, o trio composto por Logan Lerman, de “Os Três Mosqueteiros” (2011), Ezra Miller, de“Precisamos Falar Sobre Kevin” (2011), e Emma Watson, a bruxinha Herminone da saga “Harry Potter”, pode ser visto interpretando papéis mais densos do que normalmente se veria numa produção tipicamente adolescente e americana. Chbosky surpreendeu a crítica com o seu extremo bom gosto e qualidade, tanto na produção e roteiro, quanto na direção.
E no Brasil, mais precisamente no nordeste, também temos nosso destaque: Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido por Chambinho do Acordeon. Agora ator, Nivaldo é interprete da versão de Gonzagão no auge da popularidade no filme“Gonzaga – de Pai para Filho”. Ele foi escolhido entre mais de cinco mil candidatos e apesar da grande responsabilidade de interpretar o rei do baião em seu primeiro papel, não deixa a desejar – embora também não impressione.
Assim, como em qualquer arte, o cinema tem dessas coisas: aqueles que impressionam logo na primeira aparição e outros que às vezes precisam apenas de mais uma oportunidade…quem sabe? Até o próximo mês, com mais chegadas em obras cinematográficas e (menos) partidas na sétima arte.




Chegadas e Partidas | Outubro de 2012


Chegadas e Partidas | Outubro de 2012

A história do cinema é repleta de glamour, mistérios e tragédias. Assim como nos filmes, a vida dos profissionais da sétima arte – sejam diretores, roteiristas ou atores – prova, mais uma vez, que ninguém foge ao seu destino, seja ele bom ou ruim, determinando o início ou o fim de uma carreira.
O mês de outubro contou com inúmeras perdas para o cinema, principalmente na categoria diretor. Uma dessas perdas ocorreu devido ao falecimento deClaude Pinoteau, aos 87 anos, em Paris. O cineasta francês começou sua carreira no final da década de 40, como assistente de direção. Seu primeiro longa foi lançado em 1973, sob o título de “Les Silencieux”, seguido, no ano seguinte, por “La Gifle”, protagonizado pela então desconhecida atriz Isabelle Adjani. Mais tarde, já em 1980, rodou “La Boum”, uma comédia que lançou a atrizSophie Marceau ao estrelato.
Pinoteau era muito conhecido pelo suspense e film noir, com estética em preto-e-branco e personagens num mundo miserável. Seu último trabalho foi um documentário para a televisão dirigido em 2005, intitulado“Un abbé nommé Pierre, une vie pour les autres”.
Outra perda bastante significativa foi a de Octavio Getino, espanhol que vivia na Argentina, referência em filmes políticos e sociais. Getino faleceu aos 77 anos, por decorrência de câncer. Um dos fundadores do Grupo Cine Liberación, responsável pela utilização do cinema como ferramenta política, em 1969 filmou o documentário “La hora de los Hornos”, no qual abordou o imperialismo na América Latina.
O cineasta ainda exibiu, em 1971, a entrevista que realizou com o ex-presidente Juan Domingo Perón, registrada nos documentários “Perón, La Revolución Justicialista” e “Péron: Actualización Política y Doctrinaria para La Toma del Poder“. Muitas vezes ameaçado de morte,Getino acabou se exilando em lugares como Peru, México e Espanha. Dentre outras realizações, publicou várias obras, inclusive ganhando um prêmio em 1963, pelo livro de contos “Chulleca”.
A respeito de partidas do núcleo de atores, foram poucas. Dentre elas, aos 77 anos, Alex Karras, em decorrência de um câncer. Ex-jogador de futebol americano do Detroit Lions e comentarista de um programa de tv, Karras enveredou em 1970 para carreira de ator, participando de filmes de comédia e musicais como “Victor ou Victoria” (1982), dirigido por Blake Edwards (“Bonequinha de Luxo”, de 1961) e contracenando com Julie Andrews , protagonista da produção. Outra obra que contou com sua presença foi “Porky’s – A Casa do Amor e do Riso” (1982), longa que influenciou roteiristas de gênero comédia para adolescentes, porém o ator ganhou fama mesmo ao participar da série “Webster“, exibida de 1983 à 1989 na televisão americana. Entre outros créditos estão alguns livros sobre sua vida como atleta e astro de tv.
Mantendo o foco nos atores, há também a atriz Sammi Kane Kraft, de 20 anos, morta em um acidente de carro em Los Angeles. A jovem havia participado da comédia “Sujou…Chegaram os Bears”, de 2005, e ainda não tinha uma carreira expressiva no cinema.
Do núcleo brasileiro uma perda representativa foi a de Regina Dourado, conhecida por vários papéis de destaque na teledramaturgia global, como a dona Lucilene, mulher de Salgadinho na novela “Explode Coração” (1995). A atriz faleceu em decorrência de um câncer, aos 59 anos, mas também deixou sua contribuição para o cinema nacional, como sua participação no filme “Amante Latino“, de 1979, no qual interpretava uma cigana dançarina, e sua estreia, em 1984, em “Baiano Fantasma“. Dourado chegou a ganhar um prêmio da crítica no Festival de Gramado, pelo longa “Tigipió – Uma Questão de Amor e Honra”, de 1986, e já na década de 90 atuou em “Corisco e Dada“, “No coração dos Deuses” e “Corpo de Delito”, vencedor do prêmio Sesc – São Paulo.
Entretanto, a perda mais chocante do mês fica a cargo da pérola cinematográfica do erotismo, Sylvia Kristel, atriz que se eternizou no clássico erótico “Emmanuelle” (1974). Devido a um câncer, Kristel faleceu aos 60 anos, em Amsterdã. A holandesa se tornou um ícone da liberação sexual na década de 70, quando protagonizou uma jovem casada que vivia um relacionamento aberto com marido e expressava sua ardente sexualidade, experimentalismos e sexo livre em lugares exóticos com seus inúmeros amantes. O filme foi baseado no romance autobiográfico da francesa Marayat Bibich, sob direção de Just Jaeckin, e surpreendeu tanto que em países como França e Japão permaneceu em cartaz por mais de uma década.
Além das sequências de “Emmanuelle“, Kristel atuou em cerca de 50 filmes, a maioria com conteúdo erótico, trabalhando com o diretor Alain Robbe-Grillet em “Jogo de Fogo“, de 1975, também conhecido pelo teor sexual em suas obras. Na filmografia de Kristel, é possível ainda destacar um outro longa belíssimo: “O Amante de Lady Chatterley” (1981). A adaptação da obra-prima de D.H. Lawrence contou com Sylvia no papel de esposa solitária de um rico aristocrata que ficou paraplégico, permitindo que ela tenha um amante que satisfaça todas as suas necessidades e fantasias.
O câncer da atriz, que enfrentou problemas com drogas, foi diagnosticado em 2003. Ela foi casada com o escritor Hugo Claus e teve um filho. Sylvia Kristel lançou em 2006 uma autobiografia, intitulada “Nua”, na qual fala sobre todos esses anos felizes e conturbados de sua vida.
Mas vamos encerrar as histórias tristes e despedidas singelas, pois os novos talentos do cinema merecem o seu espaço e alguns até são promessas para a sétima arte nos próximos anos. Uma das possíveis futuras estrelas é a búlgara Nina Dobrev, famosa pela ex-humana e recém-vampira Elena Gilbert da série de sucesso “The Vampire Diaries”. Nina pode ser vista nos cinemas através de sua participação especial no filme “As Vantagens de Ser Invisível” (2012), do autor e diretor Stephen Chbosky. O papel da atriz é secundário e bem diferente da série, mas estritamente importante na vida do protagonista: ela dá vida a Candace, irmã mais velha do problemático Charlie (Logan Lerman), que oferece uma nova perspectiva para o irmão se tornar bem diferente.
A propósito, novato na categoria, Chbosky escolheu mostrar os problemas dos adolescentes baseado no seu próprio livro, que leva o mesmo título, alterando passagens de forma a intensificar e adaptar corretamente a obra para o formato audiovisual. O cineasta conseguiu transformar um assunto batido, com dramas vividos na fase mais perturbadora da vida de muita gente, seguindo um caminho distinto, abordando temas complicados sem ser superficial e escolhendo um elenco que está conquistando seu espaço. No filme, o trio composto por Logan Lerman, de “Os Três Mosqueteiros” (2011), Ezra Miller, de“Precisamos Falar Sobre Kevin” (2011), e Emma Watson, a bruxinha Herminone da saga “Harry Potter”, pode ser visto interpretando papéis mais densos do que normalmente se veria numa produção tipicamente adolescente e americana. Chbosky surpreendeu a crítica com o seu extremo bom gosto e qualidade, tanto na produção e roteiro, quanto na direção.
E no Brasil, mais precisamente no nordeste, também temos nosso destaque: Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido por Chambinho do Acordeon. Agora ator, Nivaldo é interprete da versão de Gonzagão no auge da popularidade no filme“Gonzaga – de Pai para Filho”. Ele foi escolhido entre mais de cinco mil candidatos e apesar da grande responsabilidade de interpretar o rei do baião em seu primeiro papel, não deixa a desejar – embora também não impressione.
Assim, como em qualquer arte, o cinema tem dessas coisas: aqueles que impressionam logo na primeira aparição e outros que às vezes precisam apenas de mais uma oportunidade…quem sabe? Até o próximo mês, com mais chegadas em obras cinematográficas e (menos) partidas na sétima arte.




Chegadas e Partidas | Outubro de 2012


Chegadas e Partidas | Outubro de 2012

A história do cinema é repleta de glamour, mistérios e tragédias. Assim como nos filmes, a vida dos profissionais da sétima arte – sejam diretores, roteiristas ou atores – prova, mais uma vez, que ninguém foge ao seu destino, seja ele bom ou ruim, determinando o início ou o fim de uma carreira.
O mês de outubro contou com inúmeras perdas para o cinema, principalmente na categoria diretor. Uma dessas perdas ocorreu devido ao falecimento deClaude Pinoteau, aos 87 anos, em Paris. O cineasta francês começou sua carreira no final da década de 40, como assistente de direção. Seu primeiro longa foi lançado em 1973, sob o título de “Les Silencieux”, seguido, no ano seguinte, por “La Gifle”, protagonizado pela então desconhecida atriz Isabelle Adjani. Mais tarde, já em 1980, rodou “La Boum”, uma comédia que lançou a atrizSophie Marceau ao estrelato.
Pinoteau era muito conhecido pelo suspense e film noir, com estética em preto-e-branco e personagens num mundo miserável. Seu último trabalho foi um documentário para a televisão dirigido em 2005, intitulado“Un abbé nommé Pierre, une vie pour les autres”.
Outra perda bastante significativa foi a de Octavio Getino, espanhol que vivia na Argentina, referência em filmes políticos e sociais. Getino faleceu aos 77 anos, por decorrência de câncer. Um dos fundadores do Grupo Cine Liberación, responsável pela utilização do cinema como ferramenta política, em 1969 filmou o documentário “La hora de los Hornos”, no qual abordou o imperialismo na América Latina.
O cineasta ainda exibiu, em 1971, a entrevista que realizou com o ex-presidente Juan Domingo Perón, registrada nos documentários “Perón, La Revolución Justicialista” e “Péron: Actualización Política y Doctrinaria para La Toma del Poder“. Muitas vezes ameaçado de morte,Getino acabou se exilando em lugares como Peru, México e Espanha. Dentre outras realizações, publicou várias obras, inclusive ganhando um prêmio em 1963, pelo livro de contos “Chulleca”.
A respeito de partidas do núcleo de atores, foram poucas. Dentre elas, aos 77 anos, Alex Karras, em decorrência de um câncer. Ex-jogador de futebol americano do Detroit Lions e comentarista de um programa de tv, Karras enveredou em 1970 para carreira de ator, participando de filmes de comédia e musicais como “Victor ou Victoria” (1982), dirigido por Blake Edwards (“Bonequinha de Luxo”, de 1961) e contracenando com Julie Andrews , protagonista da produção. Outra obra que contou com sua presença foi “Porky’s – A Casa do Amor e do Riso” (1982), longa que influenciou roteiristas de gênero comédia para adolescentes, porém o ator ganhou fama mesmo ao participar da série “Webster“, exibida de 1983 à 1989 na televisão americana. Entre outros créditos estão alguns livros sobre sua vida como atleta e astro de tv.
Mantendo o foco nos atores, há também a atriz Sammi Kane Kraft, de 20 anos, morta em um acidente de carro em Los Angeles. A jovem havia participado da comédia “Sujou…Chegaram os Bears”, de 2005, e ainda não tinha uma carreira expressiva no cinema.
Do núcleo brasileiro uma perda representativa foi a de Regina Dourado, conhecida por vários papéis de destaque na teledramaturgia global, como a dona Lucilene, mulher de Salgadinho na novela “Explode Coração” (1995). A atriz faleceu em decorrência de um câncer, aos 59 anos, mas também deixou sua contribuição para o cinema nacional, como sua participação no filme “Amante Latino“, de 1979, no qual interpretava uma cigana dançarina, e sua estreia, em 1984, em “Baiano Fantasma“. Dourado chegou a ganhar um prêmio da crítica no Festival de Gramado, pelo longa “Tigipió – Uma Questão de Amor e Honra”, de 1986, e já na década de 90 atuou em “Corisco e Dada“, “No coração dos Deuses” e “Corpo de Delito”, vencedor do prêmio Sesc – São Paulo.
Entretanto, a perda mais chocante do mês fica a cargo da pérola cinematográfica do erotismo, Sylvia Kristel, atriz que se eternizou no clássico erótico “Emmanuelle” (1974). Devido a um câncer, Kristel faleceu aos 60 anos, em Amsterdã. A holandesa se tornou um ícone da liberação sexual na década de 70, quando protagonizou uma jovem casada que vivia um relacionamento aberto com marido e expressava sua ardente sexualidade, experimentalismos e sexo livre em lugares exóticos com seus inúmeros amantes. O filme foi baseado no romance autobiográfico da francesa Marayat Bibich, sob direção de Just Jaeckin, e surpreendeu tanto que em países como França e Japão permaneceu em cartaz por mais de uma década.
Além das sequências de “Emmanuelle“, Kristel atuou em cerca de 50 filmes, a maioria com conteúdo erótico, trabalhando com o diretor Alain Robbe-Grillet em “Jogo de Fogo“, de 1975, também conhecido pelo teor sexual em suas obras. Na filmografia de Kristel, é possível ainda destacar um outro longa belíssimo: “O Amante de Lady Chatterley” (1981). A adaptação da obra-prima de D.H. Lawrence contou com Sylvia no papel de esposa solitária de um rico aristocrata que ficou paraplégico, permitindo que ela tenha um amante que satisfaça todas as suas necessidades e fantasias.
O câncer da atriz, que enfrentou problemas com drogas, foi diagnosticado em 2003. Ela foi casada com o escritor Hugo Claus e teve um filho. Sylvia Kristel lançou em 2006 uma autobiografia, intitulada “Nua”, na qual fala sobre todos esses anos felizes e conturbados de sua vida.
Mas vamos encerrar as histórias tristes e despedidas singelas, pois os novos talentos do cinema merecem o seu espaço e alguns até são promessas para a sétima arte nos próximos anos. Uma das possíveis futuras estrelas é a búlgara Nina Dobrev, famosa pela ex-humana e recém-vampira Elena Gilbert da série de sucesso “The Vampire Diaries”. Nina pode ser vista nos cinemas através de sua participação especial no filme “As Vantagens de Ser Invisível” (2012), do autor e diretor Stephen Chbosky. O papel da atriz é secundário e bem diferente da série, mas estritamente importante na vida do protagonista: ela dá vida a Candace, irmã mais velha do problemático Charlie (Logan Lerman), que oferece uma nova perspectiva para o irmão se tornar bem diferente.
A propósito, novato na categoria, Chbosky escolheu mostrar os problemas dos adolescentes baseado no seu próprio livro, que leva o mesmo título, alterando passagens de forma a intensificar e adaptar corretamente a obra para o formato audiovisual. O cineasta conseguiu transformar um assunto batido, com dramas vividos na fase mais perturbadora da vida de muita gente, seguindo um caminho distinto, abordando temas complicados sem ser superficial e escolhendo um elenco que está conquistando seu espaço. No filme, o trio composto por Logan Lerman, de “Os Três Mosqueteiros” (2011), Ezra Miller, de“Precisamos Falar Sobre Kevin” (2011), e Emma Watson, a bruxinha Herminone da saga “Harry Potter”, pode ser visto interpretando papéis mais densos do que normalmente se veria numa produção tipicamente adolescente e americana. Chbosky surpreendeu a crítica com o seu extremo bom gosto e qualidade, tanto na produção e roteiro, quanto na direção.
E no Brasil, mais precisamente no nordeste, também temos nosso destaque: Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido por Chambinho do Acordeon. Agora ator, Nivaldo é interprete da versão de Gonzagão no auge da popularidade no filme“Gonzaga – de Pai para Filho”. Ele foi escolhido entre mais de cinco mil candidatos e apesar da grande responsabilidade de interpretar o rei do baião em seu primeiro papel, não deixa a desejar – embora também não impressione.
Assim, como em qualquer arte, o cinema tem dessas coisas: aqueles que impressionam logo na primeira aparição e outros que às vezes precisam apenas de mais uma oportunidade…quem sabe? Até o próximo mês, com mais chegadas em obras cinematográficas e (menos) partidas na sétima arte.




Chegadas e Partidas | Outubro de 2012


Chegadas e Partidas | Outubro de 2012

A história do cinema é repleta de glamour, mistérios e tragédias. Assim como nos filmes, a vida dos profissionais da sétima arte – sejam diretores, roteiristas ou atores – prova, mais uma vez, que ninguém foge ao seu destino, seja ele bom ou ruim, determinando o início ou o fim de uma carreira.
O mês de outubro contou com inúmeras perdas para o cinema, principalmente na categoria diretor. Uma dessas perdas ocorreu devido ao falecimento deClaude Pinoteau, aos 87 anos, em Paris. O cineasta francês começou sua carreira no final da década de 40, como assistente de direção. Seu primeiro longa foi lançado em 1973, sob o título de “Les Silencieux”, seguido, no ano seguinte, por “La Gifle”, protagonizado pela então desconhecida atriz Isabelle Adjani. Mais tarde, já em 1980, rodou “La Boum”, uma comédia que lançou a atrizSophie Marceau ao estrelato.
Pinoteau era muito conhecido pelo suspense e film noir, com estética em preto-e-branco e personagens num mundo miserável. Seu último trabalho foi um documentário para a televisão dirigido em 2005, intitulado“Un abbé nommé Pierre, une vie pour les autres”.
Outra perda bastante significativa foi a de Octavio Getino, espanhol que vivia na Argentina, referência em filmes políticos e sociais. Getino faleceu aos 77 anos, por decorrência de câncer. Um dos fundadores do Grupo Cine Liberación, responsável pela utilização do cinema como ferramenta política, em 1969 filmou o documentário “La hora de los Hornos”, no qual abordou o imperialismo na América Latina.
O cineasta ainda exibiu, em 1971, a entrevista que realizou com o ex-presidente Juan Domingo Perón, registrada nos documentários “Perón, La Revolución Justicialista” e “Péron: Actualización Política y Doctrinaria para La Toma del Poder“. Muitas vezes ameaçado de morte,Getino acabou se exilando em lugares como Peru, México e Espanha. Dentre outras realizações, publicou várias obras, inclusive ganhando um prêmio em 1963, pelo livro de contos “Chulleca”.
A respeito de partidas do núcleo de atores, foram poucas. Dentre elas, aos 77 anos, Alex Karras, em decorrência de um câncer. Ex-jogador de futebol americano do Detroit Lions e comentarista de um programa de tv, Karras enveredou em 1970 para carreira de ator, participando de filmes de comédia e musicais como “Victor ou Victoria” (1982), dirigido por Blake Edwards (“Bonequinha de Luxo”, de 1961) e contracenando com Julie Andrews , protagonista da produção. Outra obra que contou com sua presença foi “Porky’s – A Casa do Amor e do Riso” (1982), longa que influenciou roteiristas de gênero comédia para adolescentes, porém o ator ganhou fama mesmo ao participar da série “Webster“, exibida de 1983 à 1989 na televisão americana. Entre outros créditos estão alguns livros sobre sua vida como atleta e astro de tv.
Mantendo o foco nos atores, há também a atriz Sammi Kane Kraft, de 20 anos, morta em um acidente de carro em Los Angeles. A jovem havia participado da comédia “Sujou…Chegaram os Bears”, de 2005, e ainda não tinha uma carreira expressiva no cinema.
Do núcleo brasileiro uma perda representativa foi a de Regina Dourado, conhecida por vários papéis de destaque na teledramaturgia global, como a dona Lucilene, mulher de Salgadinho na novela “Explode Coração” (1995). A atriz faleceu em decorrência de um câncer, aos 59 anos, mas também deixou sua contribuição para o cinema nacional, como sua participação no filme “Amante Latino“, de 1979, no qual interpretava uma cigana dançarina, e sua estreia, em 1984, em “Baiano Fantasma“. Dourado chegou a ganhar um prêmio da crítica no Festival de Gramado, pelo longa “Tigipió – Uma Questão de Amor e Honra”, de 1986, e já na década de 90 atuou em “Corisco e Dada“, “No coração dos Deuses” e “Corpo de Delito”, vencedor do prêmio Sesc – São Paulo.
Entretanto, a perda mais chocante do mês fica a cargo da pérola cinematográfica do erotismo, Sylvia Kristel, atriz que se eternizou no clássico erótico “Emmanuelle” (1974). Devido a um câncer, Kristel faleceu aos 60 anos, em Amsterdã. A holandesa se tornou um ícone da liberação sexual na década de 70, quando protagonizou uma jovem casada que vivia um relacionamento aberto com marido e expressava sua ardente sexualidade, experimentalismos e sexo livre em lugares exóticos com seus inúmeros amantes. O filme foi baseado no romance autobiográfico da francesa Marayat Bibich, sob direção de Just Jaeckin, e surpreendeu tanto que em países como França e Japão permaneceu em cartaz por mais de uma década.
Além das sequências de “Emmanuelle“, Kristel atuou em cerca de 50 filmes, a maioria com conteúdo erótico, trabalhando com o diretor Alain Robbe-Grillet em “Jogo de Fogo“, de 1975, também conhecido pelo teor sexual em suas obras. Na filmografia de Kristel, é possível ainda destacar um outro longa belíssimo: “O Amante de Lady Chatterley” (1981). A adaptação da obra-prima de D.H. Lawrence contou com Sylvia no papel de esposa solitária de um rico aristocrata que ficou paraplégico, permitindo que ela tenha um amante que satisfaça todas as suas necessidades e fantasias.
O câncer da atriz, que enfrentou problemas com drogas, foi diagnosticado em 2003. Ela foi casada com o escritor Hugo Claus e teve um filho. Sylvia Kristel lançou em 2006 uma autobiografia, intitulada “Nua”, na qual fala sobre todos esses anos felizes e conturbados de sua vida.
Mas vamos encerrar as histórias tristes e despedidas singelas, pois os novos talentos do cinema merecem o seu espaço e alguns até são promessas para a sétima arte nos próximos anos. Uma das possíveis futuras estrelas é a búlgara Nina Dobrev, famosa pela ex-humana e recém-vampira Elena Gilbert da série de sucesso “The Vampire Diaries”. Nina pode ser vista nos cinemas através de sua participação especial no filme “As Vantagens de Ser Invisível” (2012), do autor e diretor Stephen Chbosky. O papel da atriz é secundário e bem diferente da série, mas estritamente importante na vida do protagonista: ela dá vida a Candace, irmã mais velha do problemático Charlie (Logan Lerman), que oferece uma nova perspectiva para o irmão se tornar bem diferente.
A propósito, novato na categoria, Chbosky escolheu mostrar os problemas dos adolescentes baseado no seu próprio livro, que leva o mesmo título, alterando passagens de forma a intensificar e adaptar corretamente a obra para o formato audiovisual. O cineasta conseguiu transformar um assunto batido, com dramas vividos na fase mais perturbadora da vida de muita gente, seguindo um caminho distinto, abordando temas complicados sem ser superficial e escolhendo um elenco que está conquistando seu espaço. No filme, o trio composto por Logan Lerman, de “Os Três Mosqueteiros” (2011), Ezra Miller, de“Precisamos Falar Sobre Kevin” (2011), e Emma Watson, a bruxinha Herminone da saga “Harry Potter”, pode ser visto interpretando papéis mais densos do que normalmente se veria numa produção tipicamente adolescente e americana. Chbosky surpreendeu a crítica com o seu extremo bom gosto e qualidade, tanto na produção e roteiro, quanto na direção.
E no Brasil, mais precisamente no nordeste, também temos nosso destaque: Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido por Chambinho do Acordeon. Agora ator, Nivaldo é interprete da versão de Gonzagão no auge da popularidade no filme“Gonzaga – de Pai para Filho”. Ele foi escolhido entre mais de cinco mil candidatos e apesar da grande responsabilidade de interpretar o rei do baião em seu primeiro papel, não deixa a desejar – embora também não impressione.
Assim, como em qualquer arte, o cinema tem dessas coisas: aqueles que impressionam logo na primeira aparição e outros que às vezes precisam apenas de mais uma oportunidade…quem sabe? Até o próximo mês, com mais chegadas em obras cinematográficas e (menos) partidas na sétima arte.