quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O Brasil Anseia por Ídolos - Um reflexão sobre o futebol brasileiro


Houve uma época que para ser considerado um verdadeiro craque, o jogador precisava ter muito mais que um rostinho bonito ou um cabelo da moda. Os mais experientes sempre se lembram dos grandes ídolos do futebol mundial como Pelé, Garrincha, Platini, Maradona, Zico, Romário e até mesmo Ronaldo, nomes que nunca saíram do imaginário das pessoas e que brilhavam em campo e não apenas fora dele.
Ano após ano, espera-se um novo jogador tão genial quanto esses. Todas as seleções de futebol precisam ter um jogador com a cara do time, seja pelo talento, liderança ou até mesmo pela garra no jogo. Características essas que fazem um jogador ser considerado um verdadeiro craque.
De uns tempos para cá, nota-se que as habilidades dos jogadores quase não importam mais. As novas promessas do futebol estão regidas pelo marketing em cima deles e não apenas pelo talento. Alguns podem torcer o nariz com o que vem a seguir, mas vamos aos fatos: o Neymar é um exemplo dessa nova geração que podemos chamar de “Mais Marketing e Menos Futebol”.
Tudo bem, não se pode tirar alguns méritos do “menino da Vila”. Ele corre bastante, joga estilo muleque, é cheio de firulas e modinhas. Mas deve-se concordar que ele e nem outros,  que nem valem a pena citar, ainda não estão preparados para assumir a responsabilidade de levar nas costas a seleção nacional.
 A exibição exagerada da imagem, a vida pessoal como evidência maior do que a profissional, a venda de passes com valores milionários, a espera por um contrato para jogar em um grande time da Europa, carros importados, mansões luxuosas, tudo isso faz com que os jogadores acabem se esquecendo de realmente vestir a camisa e jogar futebol de coração, alma e, acima de tudo, com profissionalismo.
De fato, a genialidade dos antigos ídolos do futebol nacional não precisa ser alcançada, porém é necessário o esforço, a ação, mais compromisso e, principalmente, a garra dos novos talentos que irão defender a camisa verde-amarela. Enquanto isso não acontece, cabe aos torcedores somente cobrar e confiar, acreditando na volta dos tempos áureos da Seleção Brasileira.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Nem Tão Cinza Assim – Um reflexão sobre a Literatura Erótica no Cenário Atual


Faço minhas as palavras da escritora brasileira Hilda Hilst, que antes de morrer, em 2004, falou sobre a Literatura Erótica: “Não sei por que tanto espanto, todos temos sexualidade e erotismo, somos seres com esses complementos. Temos sexo, genitália, desejos. Freud já falou disso tudo no começo do século (passado, ok?).”.
Isso cabe muito bem no cenário literário atual. O livro do momento Cinquenta Tons de Cinza, da britânica E. L. James, anda provocando um furor na mente de milhares de jovens e até mesmo mulheres maduras. Muitos casais acreditam que o livro apimentou o relacionamento justamente por trazer erotismo e sadomasoquismo, misturados com uma típica paixão adolescente de uma jovem e um homem mais velho, que se torna em um tórrido caso de amor e prazer sem limites.


A literatura propriamente dita erótica é difícil de ser encontrada há bastante tempo, mas este ano voltou realmente à cena, com a publicação desse livro. No entanto, essa obra deixou a desejar na questão da transgressão de pensamento, na quebra paradigmas, no objetivo de ser revolucionária e de trazer uma ideia de liberdade. Além disso, peca na construção do texto e compromete a qualidade final porque tem diálogos fracos que não conseguem se sustentar como um bom romance do gênero.
Para quem leu Contos Libertinos do Marquês de Sade, escrito no séc. XVIII ou D. H. Lawrence e o seu O Amante de Lady Chatterley, obra banida em 1928, no qual capta uma sociedade em transição (há até um filme belíssimo de 1981), ou mesmo os brasileiros João Ubaldo Ribeiro, com A Casa dos Budas Ditosos, que conta o pecado da luxúria e todas as formas do sexo e ainda, os poemas de Hilda Hilst, jamais vai se contentar com uma linguagem meioCrepúsculo e uma protagonista comum – até meio ingênua (será?) – sem peso histórico ou mesmo transgressora, compreende?!
É bem verdade que há muito tempo não se encontra escritores à altura dos citados acima, mas não posso negar que o livro Cinquenta Tons é um bom entretenimento para a mulherada. A transgressão continua sendo necessária e a sexualidade ainda é uma espécie de universo paralelo para algumas mulheres. Talvez, por isso, ainda mexa com imaginário delas. Eu não vi nada de novo, porém há quem diga que a obra mudou sua vida.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Luz & Sombra: Conversas com Jimmy Page


Um dos músicos mais geniais da história do rock, ganha uma biografia especial e diferente dos últimos tempos. Luz & Sombra: Conversas com Jimmy Page (Ed. Globo, 288 páginas) reúne mais de 20 anos de entrevistas do jornalista Brad Tolinski com Jimmy Page. Para se ter uma ideia, o autor teve a sua disposição, um material que totalizou 50 horas de conversa com o líder do Led Zeppelin.
E para começar, faço minhas as palavras de Tolinski na orelha do livro: “Nunca haverá uma banda que nem o Led Zeppelin, assim como nunca teremos um guitarrista como Jimmy Page.” A obra conta a trajetória do músico até os dias de hoje e revela a essência do artista.
A leitura é agradabilíssima e a narrativa transcorre leve. Parece que estamos ali, visualizando (e até mesmo participando) do bate-papo, sentindo a respiração do músico ao contar alguns casos da sua carreira. Ele realmente se despe por completo e se entrega. É por isso que a obra se torna mais rara, profunda e especial.
Page fala bastante da sua função como guitarrista e produtor e, claro, relata de várias aventuras (não vou citar aqui para deixar vocês na curiosidade), mas posso entregar que “Stairway to Heaven” e “Kashmir” foram marcantes para Page. Da mesma forma, que o encontro entre ele e Elvis (muito bem descrito), além do seu fascínio pelo ocultismo e ainda a realização da obra-prima Led Zeppelin IV.
O livro mostra a importância dele para rock’ n roll informando aos leitores que umas das primeiras captações decentes do som de uma bateria foi realizado por Page. Outro fato curioso é que nos anos 1960, aproximadamente, 60% dos discos gravados na Inglaterra tinham a participação do guitarrista. Na época, Page tocou em canções com os Rolling Stones (“Heart of Stone”) e The Who (“I can’t Explain”), entre outras centenas de bandas.
Esse livro provavelmente vai aproximar o leitor a James Patrick Page ou Jimmy Page.  Segue um trecho do livro no qual ele fala sobre a expressão ‘luz e sombra’: “A dinâmica… do sussurro ao trovão; o som que atrai, que intoxica. O que mais me fascina na guitarra é que ninguém toca do mesmo jeito. Cada um tem o seu modo e a personalidade sempre transparece”, revelou o músico para o documentário A todo volume, também mencionado no livro.
Considere essa obra uma expansão do pensamento acerca dessa expressão e uma rara oportunidade de ouvir um mestre explicar sua música. Luz & Sombra… é, sem dúvida, um retrato pessoal de um dos músicos mais influentes do mundo. Nunca antes na história, eu tinha lido algo parecido. De fato, veio para nenhum fã ou mesmo um curioso botar defeito.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Clarice Lispector: a estranheza entre ser Escritora e Jornalista – Parte II


Se alguém ainda duvida, aí vai uma afirmativa: Sim, Clarice escreveu para páginas femininas. Vamos aos fatos: nem só de matérias factuais ela viveu. Por exemplo: quem já ouviu falar em Teresa Quadros, Helen Palmer ou Ilka Soares?!
Pois é, durante os anos de 1950 e 1960, Clarice escreveu textos que tratavam do universo feminino, tais como economia doméstica, comportamento e até receita culinária; tudo isso sob os pseudônimos citados acima, adotados respectivamente nos jornais Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite.
Os textos fazem parte dos livros Correio Feminino (2006) e Só para mulheres (2008), ambos lançados pela Editora Rocco. Leia um trechinho de Correio Feminino:
“As pessoas que se comprazem no sofrimento, que gostam de sentir-se infelizes e fazer aos outros infelizes, jamais poderão orgulhar-se de sua beleza. O mau humor, o sentimento de frustração, a amargura marcam a fisionomia, apagam o brilho dos olhos, cavam sulcos na face mais jovem, enfeiam qualquer rosto. Essa é a razão porque a mulher, que cultiva a beleza, deve esforçar-se para ser feliz. Felicidade é estado de alma, é atmosfera, não depende de fatos ou circunstâncias externas.”
 Na fase áurea do Jornal do Brasil, Clarice Lispector foi colaboradora na mesma época que Carlos Drummond de Andrade, assinando uma crônica aos sábados, entre agosto de 1967 e dezembro de 1973. Foi também nesse período em que mais se deixou conhecer. Em sua crônica assinada no dia 21 de setembro de 1968, ela expõe: “Na literatura permaneço anônima e discreta. Nesta coluna, estou de algum modo me dando a conhecer.”.
Tais crônicas podem ser conferidas no livro de coletâneas, reunidas por seu filho Paulo Gil Valente, A Descoberta do Mundo (2008). Mais um trechinho:  
“Desde que me conheço o fato social teve em mim importância maior do que qualquer outro: em Recife os mocambos foram a primeira verdade para mim. Muito antes de sentir “arte”, senti a beleza profunda da luta. Mas é que tenho um modo simplório de me aproximar do fato social: eu queria era “fazer” alguma coisa, como se escrever não fosse fazer. O que não consigo é usar escrever para isso, por mais que a incapacidade me doa e me humilhe. O problema de justiça é em mim um sentimento tão óbvio e tão básico que não consigo me surpreender com ele – e, sem me surpreender, não consigo escrever. E também porque para mim escrever é procurar.”
Como jornalista, Clarice foi além do ofício. Mesmo trabalhando intensamente na sua ficção, escreveu cerca de 450 colunas, aproximadamente cinco mil textos, distribuídos em fragmentos de ficção, crônicas, educação de filhos e comportamento. Como entrevistadora, foram cerca de 100 textos. E somente para o Jornal do Brasil, publicou mais de 300 crônicas.
Faço minhas as palavras de Aparecida Maria Nunes, organizadora da nova coletânea de textos, Clarice na Cabeceira – Jornalismo, que em nota escreveu sobre a trajetória jornalística da autora: “Um jornalismo peculiar, em muitos momentos. Mas que, sem dúvida, pertence à história do jornalismo no Brasil”.
Vale a pena ler qualquer texto de Clarice Lispector, ainda mais quando escreve de uma forma ficcional a realidade dos brasileiros naquela época, que não mudou tanto nos últimos 30 anos.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Clarice Lispector: a estranheza entre ser Escritora e Jornalista – Parte I

Que ninguém se engane, dona Clarice Lispector sabia o que queria, ou melhor, o que escrevia, mesmo antes e até depois de ser considerada a escritora mais misteriosa do século XX, segundo o Nobel Orhan Pamuk.  Não há uma assertiva da escritora mais correta quanto essa: “A palavra é o meu domínio sobre o mundo”. Renda-se à Clarice como me rendi. Leia com bastante atenção o texto abaixo:
 E certamente na primeira noite ao abrigo, cinco mil garotas não poderão adormecer. Na escuridão do quarto, as milhares de cabecinhas, que não souberam indagar a razão de seu abandono anterior, procurarão descobrir a troco de que se lhes dá uma casa, uma cama e comida.
 Quem poderia imaginar que esse trecho foi de um texto jornalístico sobre a inauguração de um internato, chamado Cidade das Meninas, para garotas sem lar, idealizado pela primeira-dama na época, Darcy Vargas?! Intitulada Onde se ensinará a ser feliz (1941), a matéria foi assinada por uma então jovem repórter, Clarice Lispector, no jornal Diário do Povo em Campinas.
Esse tipo de linguagem poética e ficcional jamais seria permitido nos parâmetros jornalísticos hoje, mas naquela época era comum os profissionais da imprensa, geralmente egressos dos cursos de Direito. Clarice não era exceção: quando começou a exercer o jornalismo em 1940, ela cursava Direito e sobrevivia praticamente dos textos que escrevia para vários jornais. Porém, ela nunca abandonou esse lado ficcional.
No final do mês de novembro, a Editora Rocco lançou mais um volume da coleção Clarice na Cabeceira – Jornalismo (240 páginas), organizado pela pesquisadora Aparecida Maria Nunes. O livro reúne entrevistas e textos inéditos, como a primeira entrevista que Clarice Lispector realizou, em 1940, com o poeta católico Tasso da Silveira, e a última, em 1977, com a artista plástica Flora Morgan Snell.
A estrutura do livro mostra claramente a trajetória jornalística da autora, dividida em quatro momentos, contempla os primeiros textos na imprensa (nos jornais A Noite, Diário do Povo, Correio da Manhã e Diário da Noite e nas revistas Pan, Vamos Ler!, Dom Casmurro e Comício); depois as chamadas páginas femininas; as crônicas; o conto Triunfo (o primeiro texto de Clarice a sair na imprensa) e, por fim, as entrevistas.

sábado, 5 de janeiro de 2013

E quem não mente? As Mentiras que os Homens Contam


Todo mundo já mentiu pelo menos uma vez na vida, inclusive para si mesmo. Seja a mentira inofensiva ou não, os homens mentem para evitar conflitos, é algo que está intrínseco ao ser humano, uma situação que não dá para dispensar, pelo menos é assim que Luís Fernando Veríssimo mostra as várias faces da mentira em seu livro As Mentiras que os Homens Contam, lançado pela Editora Objetiva, em 2000.
Quando o autor já no prefácio explica “Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade.”, ele prepara os leitores para as histórias que estão por vir. As quase duzentas páginas recheadas pelas crônicas expõe o quanto o homem desde a infância é dependente desse comportamento compulsivo (os dramas do ser humano começam cedo). Mas quem nunca inventou uma mentirinha para cabular aula, que atire a primeira pedra!
“Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora a mãe teria uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter. Melhor um doente do que um vagabundo.”
Mentir é um péssimo hábito, mas indispensável. Primeiro para mãe e depois para outras pessoas na sua vida, a mentira, segundo a psicóloga Angela Caniato, “constitui um dos principais atributos das relações sociais, instituindo-se como valor eticamente perverso; manifesta-se como ideologia ou é expressa cinicamente e revela-se sobe sutilezas enganosas”.
A obra reúne quarenta crônicas do autor sobre o tema, espalhadas em vários de seus livros e publicadas nos jornais. Com uma linguagem propositalmente informal, simples, clara e descontraída que já é natural ao gênero, o autor presenteia qualquer amante de histórias do cotidiano. Um exemplo disso é na crônica Sebo, no qual ele ganha o leitor no primeiro parágrafo:
“O homem disse o próprio nome e ficou me olhando atentamente. Como alguém que tivesse atirado uma moeda num poço e esperasse o ‘plim’ no fundo. Repeti o nome algumas vezes e finalmente me lembrei. Plim. Mas claro.”.
Veríssimo é um escritor de texto refinado, sem rodeios, possui uma objetividade única. É despreocupado  com a construção acadêmica, sempre procura, tanto na forma como conteúdo, uma comunicação direta com o leitor, por isso o sucesso de seus textos que fluem bem na mente das pessoas e claro, As Mentiras que os Homens Contam não fugiria a regra.
Observador do cotidiano brasileiro, Luís Fernando Veríssimo conseguiu reunir aqui um repertório de textos divertidíssimos e tão interessantes que, de repente, podem até virar verdades, pois quem os lê, acaba se identificando com pelo menos uma daquelas histórias.

Veja o booktrailer do novo livro: 

Obs: Texto publicado por mim no dia 29 de novembro no Blog 7em1 do Rio de Janeiro.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Por toda minha vida



O ano mais difícil da minha vida. (para não dizer, o mais doloroso, o mais idiota  e o pior de todos)

Não vou refletir ou divagar sobre este ano aqui. Que fique registrado a primeira frase desse texto para sempre. E a música abaixo, dedico ao amor de muitas vidas, Seu José Graciano, meu Pai, meu Avô, meu Vida... Feliz Ano Novo!

Toda vez que ouço, me emociona muito, principalmente agora que possui um significado maior...quando ele completou 70 anos, fizemos várias homenagens  graças a Deus conseguimos homenageá-lo ainda em vida...Eu e minha prima cantamos  no dia 20 de dezembro de 2005, às 0h acompanhadas de um violão, Como é grande o meu amor por você...



Além dessa, há outra do Tom que resume todo o meu amor....


Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
Tom Jobim