A paixão pela ciência, pela linguagem
e principalmente pelo Amazonas moveu o Professor Dr. Sérgio Freire a pesquisar
durante cinco anos os termos e expressões amazonenses que derivam de inúmeras
vertentes da linguagem, desde os termos usados pelos indígenas no séc. XVI até
mesmo o som “chiado” dos portugueses. Todo o trabalho desempenhado pelo
professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) resultou na publicação do livro Amazonês – Termos e Expressões Usadas
no Amazonas lançado recentemente pela Editora Valer.
No livro Amazonês é
apresentado o encontro linguístico entre variantes da língua portuguesa
brasileira, como o cearês dos migrantes nordestinos que vieram para o Amazonas
nos tempos da borracha, o indígena com o Nheengatu natural da região no séc.
XVI e o chiado do português de Portugal que se manteve
até hoje no s final da pronúncia dos amazonenses. Alguns exemplos desses encontros são os termos e expressões como arrudear, bucho e desconforme (nordeste) e carapanã,
mangarataia e empachado (indígena).
A cultura no Amazonas é rica e peculiar como qualquer outra e a
linguagem não podia ser diferente, mesmo assim, o autor deixa claro que não há
exclusividade do falar amazonense, devido à constante mudança da língua: “Estar neste pequeno dicionário não batiza a palavra como
amazonense, mas a naturaliza como cidadã do maior estado do país porque ela faz
sentido na linguagem dessa região” (FREIRE, 2011).
Fazer pesquisa implica em
fazer ciência e isso no Brasil é um negócio
difícil de realizar. É por meio dela que tentamos compreender melhor a
linguagem, as pessoas e até o mundo, e foi nesse contexto que Sérgio Freire
construiu seu trabalho, quando realizou de uma maneira singular a busca de um
dos maiores índices de identidade que conhecemos - a língua, a língua falada no
Amazonas - o Amazonês, que é apenas uma parte constituinte da língua portuguesa
brasileira.
O Amazonês de Freire é
isso, a busca de uma identidade amazônica, a busca por uma linguagem tão intimamente
nossa que misturada a outras se tornou única e por essas características nas
poucas páginas de seu livro, hoje, um dos mais vendidos e procurados nas
livrarias em Manaus, conseguiu chamar a atenção para nossa cultura e a nossa
realidade pouco conhecida ou reconhecida no resto do país.
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