domingo, 10 de junho de 2012

A primavera inacabada na Síria


Em 2011, uma onda de protestos se espalhou pelo Oriente Médio e norte da África, que derrubou quatro ditadores em um ano e matou milhares de pessoas. Esse ato histórico está sendo chamado de Primavera Árabe.
O início dessa revolta se deu com uma ação desesperada de um jovem tunisiano, desempregado, que ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Depois disso, protestos se espalharam pela Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen e na Síria que ainda está em andamento.
Os protestos na Síria começaram em frente ao parlamento sírio e a embaixadas estrangeiras. O presidente Bashar al-Assad afirmou que seu país está imune a todos os tipos de protestos em massa como os que ocorreram na cidade de Cairo (Egito). Bashar al-Assad, tem mantido o poder com mão firme nos últimos dez anos.
Como vários outros países do oriente médio, a Síria sofria com retrações econômicas e altos índices de desemprego.  A situação socioeconômica, como a deterioração do padrão de vida e a redução do apoio do governo aos pobres aumentaram o descontentamento da população.
No momento da revolta, a Síria estava sob estado de emergência e desde a década de 60, sob  estado de exceção, o que dava às forças de segurança a autoridade de prender qualquer um que quisessem sem declarar um motivo.  Todos os partidos políticos foram banidos da Síria, fazendo do partido do governo o único a concorrer nas eleições.
Movimentos liderados, na maioria das vezes, pela Irmandade Muçulmana, foram reprimidos pelo governo que não aceitava qualquer manifestação de oposição. Durante anos, distúrbios civis foram fortemente reprimidos, causando centenas de mortes, como no massacre de Hama, em fevereiro de 2012, no qual as Forças Armadas da Síria bombardearam uma Irmandade Mulçumana.
Soldados desertores e civis armados da oposição formaram o chamado Exército Livre Sírio para iniciar uma luta convencional contra o Estado. A oposição finalmente se uniu em uma única organização representativa formando o chamado Conselho Nacional Sírio.
Em resposta aos protestos, o governo sírio enviou suas tropas para as cidades revoltosas com o objetivo de encerrar a rebelião. O resultado da repressão e dos enfrentamentos com os opositores acabou sendo de centenas de mortes, a grande maioria de civis.  
 Os combates continuam se intensificando cada vez mais, assim como as incursões das tropas do governo em áreas controladas por opositores. Segundo o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, face à violência dos combates em algumas zonas da Síria, já é possível classificá-los como uma guerra civil localizada.   
Ainda de acordo com ele, a situação pode ser de conflito interno armado em certas áreas, um exemplo foi o confronto em Baba Amr, em Homs, em fevereiro de 2012, que matou cerca de cinco mil pessoas nos bombardeios da ofensiva do governo, sendo a maioria delas civis.
A oposição síria, a ONU, direitos humanos e governos ocidentais denunciaram que Bashar al-Assad, desrespeitou o plano de paz que ele próprio havia aceitado semanas antes e desobedeceu o cessar-fogo, ao retomar os ataques à áreas controladas pela oposição, em abril de 2012, no prazo estabelecido pela ONU.  E assim essa primavera ainda não está próxima do fim, pois a batalha continua e milhares de pessoas continuam a morrer nesse fogo-cruzado.


*Texto produzido para disciplina de Jornalismo Especializado: Interpretativo,

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