sexta-feira, 6 de abril de 2012

Emma: bonita, inteligente, e rica


Não foi difícil escolher Emma para ser discutido no próximo clube do livro,dia 28 de abril, às 19h, na Saraiva, aqui em Manaus. Primeiro pela ideia de se falar de uma das principais comédias românticas de todos os tempos, mesmo o livro levando um sentido bem maior que apenas esse, e segundo, porque realmente a protagonista da obra é bonita, inteligente e rica, como toda mulher/menina gostaria de ser.

No inicío Emma é uma jovem encantadora, diga-se de passagem, mas mimada, mal-criada e decidida. Jane Austen, autora do romance uma vez escreveu: “Vou criar uma heroína da qual ninguém além de mim vai gostar”, justamente para ilustrar todos os defeitos de alguém na posição dela teria . Diversas situações acabam sendo entrelaçadas por intromissões da jovem e confusões são armadas, ironias do destino, penso,  para no final se tornar uma grande mulher, tão querida como a Elizabeth de Orgulho e Preconceito ou como Elinnor Razão e Sensibilidade.

Por toda vida nunca duvidei que uma heroína como ela - sim Emma é uma heroína, se tornaria uma referência para qualquer geração e como qualquer outra heroína da minha querida Tia Jane Austen e muito feliz, descubro que realmente é assim, apesar das interpretações mudarem de acordo com a idade, o bom senso, a espiritualidade e até mesmo a posição social, a questão é: errar é humano, Emma cria situações que a colocam em divertidas encrencas e tão saborosamente interessantes para um leitor ávido por histórias da vida como ela é.

Tudo bem, o romance não traz só a Emma, possui uma gama tão boa de personagens quanto ela, que é impossível não falar de vários assuntos ao mesmo tempo. O dia-a-dia das pessoas que vivem ao lado da heroína é abertamente apresentado pela autora, que é famosa por trabalhar profundamente os perfis psicológicos em seus romances, em Emma, pelo menos isso não seria diferente. Na obra é possível se identificar e/ou lembrar de alguém com características tão próximas as naturais que você nunca mais vai esquecer.

O convite já foi feito, agora é só aparecer e bater um papo divertido sobre o livro!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

ROTA 66 – Não tão distante


A partir de uma de suas grandes reportagens investigativas, o jornalista Caco Barcellos escreveu o livro Rota 66, no qual denuncia os abusos da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) que em tese, seria uma unidade de elite da Polícia Militar paulistana encarregada de missões especiais, mas que na prática, a realidade é outra – a de um batalhão de extermínio de pessoas pobres, indefesas e sem privilégios.
Com uma impressionante narrativa, partindo do assassinato dos jovens de classe média em São Paulo, traçando um paralelo entre outros casos de assassinatos realizados sem explicação da Polícia Militar, não há como não se revoltar com os fatos apresentados no dossiê extremamente bem elaborado por Caco Barcellos. Não há como não se envolver com as histórias contadas com todo o feeling que só um jornalista profissional e competente conseguiria ter. O jornalista conta, em detalhes, como agiam os matadores e o sistema jurídico-político que lhes concedia total liberdade e impunidade. Ao abrir o livro, abrem-se também os olhos para a absurda e real atitude daqueles que deveriam proteger a população contra o crime.
Como um verdadeiro esquadrão da morte, a Rota contava com caminhonetes modelo Veraneio, 50 membros armados com pistolas, metralhadoras e até bombas. Pobre, para eles, era igual a ladrão e marginal, todos que não tinham condições de reivindicar seus direitos, eram alvos da polícia que mata. O único episódio em que as vítimas foram jovens ricos da elite paulista, foi o caso Rota 66(que dá nome ao livro), contudo, não foi muito diferente dos demais. Apenas a repercussão na imprensa foi maior. Os responsáveis pelo crime saíram ilesos.
Caco Bacellos narra sua investigação na busca de outros casos como de Rota 66 e mostra também como é a vida de um repórter investigativo. Ao final, o jornalista consegue traçar um perfil criterioso das vítimas e dos assassinos. Além de identificar que pelo menos das 12 mil vítimas da Polícia Militar, 65% eram pessoas inocentes.
Em tempos que as arbitrariedades estão tomando forma de normalidade, o painel apresentado no livro Rota 66 não foge da realidade atual, devendo ser lembrado por saber que a intolerância e a brutalidade chegaram a níveis tão extremos que não se deve ficar inconsciente de atos realizados por aqueles que deveriam proteger a sociedade e não ajudar a destruí-la.

* Texto publicado no blog Dialog de Comunicação da UNINORTE.