quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Inquieta Juventude: VIOLETA BRANCA

Violeta Branca foi uma das grandes representantes da poesia produzida no Amazonas e a primeira mulher a ingressar numa Academia Brasileira de Letras, em 1937. Participou ativamente da vida cultural em Manaus e publicou outros poemas na Revista A Selva.Quando Violeta Branca publicou seu livro Ritmos de inquieta alegria, em 1935, tinha apenas 19 anos e não imaginava o quanto surpreenderia a crítica pela ousadia, pelo lirismo e pelas características modernistas agregadas a um espírito de inquieta juventude em seus poemas.
Logo após se casar, Violeta Branca foi para o Rio de Janeiro e a partir daí passou mais de 40 anos sem uma nova publicação. Nos anos 80, publicou seu segundo livro – Reencontros, que não apresentou nenhuma novidade literária e segundo Tenório Telles, na apresentação de Ritmos de Inquieta Alegria: “O livro é a afirmação de uma forte sensibilidade poética que não se realizou plenamente; a retomada de um diálogo interrompido”.
Embora tenha ficado afastada do meio cultural por um longo tempo, nossa poeta abriu caminhos para a inserção da mulher no meio literário. Se ainda estivesse viva, Violeta Branca completaria em setembro de 2011, 96 anos.
Segue abaixo o poema Volúpia do livro Ritmos de inquieta alegria:
O beijo que deste no meu pulso
cobriu de angústia
a forma imaterial dos meus sentidos.
Não percebeste o latejar das veias
ao contato de teus lábios,
e nem adivinhaste
que foi o prazer que me fez silenciar…
Teu beijo teve a agudez
de um estilete inutilizando o meu pudor.
Não viste o sangue
que afluiu à minha boca?
Foi a volúpia falando
Na eloqüência da cor.

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