Nos anos 80, voltou ao
teatro com “Que Farei com Este Livro?” (1980), o relato “Alçado do Solo”
(1980-Prêmio Cidade de Lisboa) e o livro de viagens “Viagem a Portugal” (1981).
Com essas obras, Saramago
já tinha construído as bases da sua trajetória. Mas foi em 1982 que ganhou fama
mundial com “Memorial do Convento” que lhe valeu o Prêmio do PEN Clube
Português, distinção que voltou a receber em 1984 com “O Ano da Morte de
Ricardo Reis”, também reconhecido com o Prêmio Dom Dinis da Fundação Casa de
Mateus.
A partir daí seu prestígio
foi se consolidando com títulos como “A Jangada de Pedra” (1986), levada ao
cinema em 2002 pelo diretor holandês George Sluizer e a peça teatral “A Segunda
Vida de Francisco de Assis” (1987); e “História do Cerco de Lisboa” (1989).
Em 1991, publicou o
romance “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, muito criticado pelo Vaticano e
objeto de um polêmico veto em 1992, quando foi retirado da lista de candidatas
ao Prêmio Literário Europeu para o qual tinha sido selecionado por um júri do
PEN Clube de Portugal e a Associação de Críticos literários portugueses. Apesar
de tudo, esta obra recebeu o prestigioso Prêmio da Associação de Escritores de
Portugal (1992).
Esse último ano obteve o
Prêmio Internacional Flaiano de Literatura com seu romance “Uma Terra Chamada
Alentejo”.
Os problemas que teve em
Portugal o levaram em 1993 a transferir sua residência à Espanha, concretamente
à ilha canária de Lanzarote, acompanhado por sua segunda mulher, a jornalista
espanhola Pilar del Río, tradutora do escritor.
Após publicar sua quarta
obra de teatro, “In Nomine Dei” (Grande Prêmio de Teatro da Associação
Portuguesa de Escritores), entrou a fazer parte do Parlamento Internacional de
Escritores.
O ano 1995 foi especial
para ele, com a obtenção do Prêmio Camões ao conjunto de sua obra e a publicação
do “Ensaio sobre a Cegueira”, primeira obra de sua trilogia sobre a identidade
do indivíduo, que continuou com “Todos os nomes” (1998) e fechou com “Ensaio
sobre a lucidez” (2004).
O primeiro volume da
trilogia foi levado ao cinema em 2008 pelo diretor brasileiro Fernando
Meirelles, que no Brasil ganhou o mesmo nome do título original, “Ensaio sobre
a Cegueira”.
Seus inegáveis méritos
como romancista foram finalmente reconhecidos em 1998 com o Prêmio Nobel de
Literatura, concedido por ter criado uma obra na qual “mediante parábolas
sustentadas com imaginação, compaixão e ironia, nos permite continuamente
captar uma realidade fugitiva”.
Nos últimos anos, Saramago
não deixou passar muito tempo entre um romance e outro. Era consciente de sua
idade e, como disse à agência Efe em entrevista, tinha “ainda algo para dizer”,
e o melhor é que o dissesse “o mais rápido possível”.
Embora também dizia que
“chegará o dia em que se acabarão as ideias, e nada iria ocorrer”.
Fruto dessa urgência
escreveu os romances “A Caverna” (2000); “O Homem Duplicado” (2002); “As
Intermitências da Morte” (2005); “As Pequenas Memórias” (2006); “A Viagem do
Elefante” (2008); e “Caim” (2009), seu último romance.
Entre suas obras figuram
também os autobiográficos “Cadernos de Lanzarote”.
Saramago era consciente do
poder que tinha a internet para divulgar qualquer ideia, e em setembro de 2008
criou um blog, intitulado “O Caderno”. Foi “um espaço pessoal na página
infinita de internet”, segundo suas palavras.
A morte o surpreendeu
quando preparava um romance sobre a indústria do armamento e a ausência de
greves neste setor, ou pelo menos essa era a ideia que queria desenvolver, como
disse quando apresentou “Caim” em novembro de 2009.