sábado, 5 de janeiro de 2013

E quem não mente? As Mentiras que os Homens Contam


Todo mundo já mentiu pelo menos uma vez na vida, inclusive para si mesmo. Seja a mentira inofensiva ou não, os homens mentem para evitar conflitos, é algo que está intrínseco ao ser humano, uma situação que não dá para dispensar, pelo menos é assim que Luís Fernando Veríssimo mostra as várias faces da mentira em seu livro As Mentiras que os Homens Contam, lançado pela Editora Objetiva, em 2000.
Quando o autor já no prefácio explica “Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade.”, ele prepara os leitores para as histórias que estão por vir. As quase duzentas páginas recheadas pelas crônicas expõe o quanto o homem desde a infância é dependente desse comportamento compulsivo (os dramas do ser humano começam cedo). Mas quem nunca inventou uma mentirinha para cabular aula, que atire a primeira pedra!
“Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora a mãe teria uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter. Melhor um doente do que um vagabundo.”
Mentir é um péssimo hábito, mas indispensável. Primeiro para mãe e depois para outras pessoas na sua vida, a mentira, segundo a psicóloga Angela Caniato, “constitui um dos principais atributos das relações sociais, instituindo-se como valor eticamente perverso; manifesta-se como ideologia ou é expressa cinicamente e revela-se sobe sutilezas enganosas”.
A obra reúne quarenta crônicas do autor sobre o tema, espalhadas em vários de seus livros e publicadas nos jornais. Com uma linguagem propositalmente informal, simples, clara e descontraída que já é natural ao gênero, o autor presenteia qualquer amante de histórias do cotidiano. Um exemplo disso é na crônica Sebo, no qual ele ganha o leitor no primeiro parágrafo:
“O homem disse o próprio nome e ficou me olhando atentamente. Como alguém que tivesse atirado uma moeda num poço e esperasse o ‘plim’ no fundo. Repeti o nome algumas vezes e finalmente me lembrei. Plim. Mas claro.”.
Veríssimo é um escritor de texto refinado, sem rodeios, possui uma objetividade única. É despreocupado  com a construção acadêmica, sempre procura, tanto na forma como conteúdo, uma comunicação direta com o leitor, por isso o sucesso de seus textos que fluem bem na mente das pessoas e claro, As Mentiras que os Homens Contam não fugiria a regra.
Observador do cotidiano brasileiro, Luís Fernando Veríssimo conseguiu reunir aqui um repertório de textos divertidíssimos e tão interessantes que, de repente, podem até virar verdades, pois quem os lê, acaba se identificando com pelo menos uma daquelas histórias.

Veja o booktrailer do novo livro: 

Obs: Texto publicado por mim no dia 29 de novembro no Blog 7em1 do Rio de Janeiro.

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