sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Nem Tão Cinza Assim – Um reflexão sobre a Literatura Erótica no Cenário Atual


Faço minhas as palavras da escritora brasileira Hilda Hilst, que antes de morrer, em 2004, falou sobre a Literatura Erótica: “Não sei por que tanto espanto, todos temos sexualidade e erotismo, somos seres com esses complementos. Temos sexo, genitália, desejos. Freud já falou disso tudo no começo do século (passado, ok?).”.
Isso cabe muito bem no cenário literário atual. O livro do momento Cinquenta Tons de Cinza, da britânica E. L. James, anda provocando um furor na mente de milhares de jovens e até mesmo mulheres maduras. Muitos casais acreditam que o livro apimentou o relacionamento justamente por trazer erotismo e sadomasoquismo, misturados com uma típica paixão adolescente de uma jovem e um homem mais velho, que se torna em um tórrido caso de amor e prazer sem limites.


A literatura propriamente dita erótica é difícil de ser encontrada há bastante tempo, mas este ano voltou realmente à cena, com a publicação desse livro. No entanto, essa obra deixou a desejar na questão da transgressão de pensamento, na quebra paradigmas, no objetivo de ser revolucionária e de trazer uma ideia de liberdade. Além disso, peca na construção do texto e compromete a qualidade final porque tem diálogos fracos que não conseguem se sustentar como um bom romance do gênero.
Para quem leu Contos Libertinos do Marquês de Sade, escrito no séc. XVIII ou D. H. Lawrence e o seu O Amante de Lady Chatterley, obra banida em 1928, no qual capta uma sociedade em transição (há até um filme belíssimo de 1981), ou mesmo os brasileiros João Ubaldo Ribeiro, com A Casa dos Budas Ditosos, que conta o pecado da luxúria e todas as formas do sexo e ainda, os poemas de Hilda Hilst, jamais vai se contentar com uma linguagem meioCrepúsculo e uma protagonista comum – até meio ingênua (será?) – sem peso histórico ou mesmo transgressora, compreende?!
É bem verdade que há muito tempo não se encontra escritores à altura dos citados acima, mas não posso negar que o livro Cinquenta Tons é um bom entretenimento para a mulherada. A transgressão continua sendo necessária e a sexualidade ainda é uma espécie de universo paralelo para algumas mulheres. Talvez, por isso, ainda mexa com imaginário delas. Eu não vi nada de novo, porém há quem diga que a obra mudou sua vida.

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