terça-feira, 30 de outubro de 2012

Chegadas e Partidas | Outubro de 2012


Chegadas e Partidas | Outubro de 2012

A história do cinema é repleta de glamour, mistérios e tragédias. Assim como nos filmes, a vida dos profissionais da sétima arte – sejam diretores, roteiristas ou atores – prova, mais uma vez, que ninguém foge ao seu destino, seja ele bom ou ruim, determinando o início ou o fim de uma carreira.
O mês de outubro contou com inúmeras perdas para o cinema, principalmente na categoria diretor. Uma dessas perdas ocorreu devido ao falecimento de Claude Pinoteau, aos 87 anos, em Paris. O cineasta francês começou sua carreira no final da década de 40, como assistente de direção. Seu primeiro longa foi lançado em 1973, sob o título de “Les Silencieux”, seguido, no ano seguinte, por “La Gifle”, protagonizado pela então desconhecida atriz Isabelle Adjani. Mais tarde, já em 1980, rodou “La Boum”, uma comédia que lançou a atrizSophie Marceau ao estrelato.
Pinoteau era muito conhecido pelo suspense e film noir, com estética em preto-e-branco e personagens num mundo miserável. Seu último trabalho foi um documentário para a televisão dirigido em 2005, intitulado“Un abbé nommé Pierre, une vie pour les autres”.
Outra perda bastante significativa foi a de Octavio Getino, espanhol que vivia na Argentina, referência em filmes políticos e sociais. Getino faleceu aos 77 anos, por decorrência de câncer. Um dos fundadores do Grupo Cine Liberación, responsável pela utilização do cinema como ferramenta política, em 1969 filmou o documentário “La hora de los Hornos”, no qual abordou o imperialismo na América Latina.
O cineasta ainda exibiu, em 1971, a entrevista que realizou com o ex-presidente Juan Domingo Perón, registrada nos documentários “Perón, La Revolución Justicialista” e “Péron: Actualización Política y Doctrinaria para La Toma del Poder“. Muitas vezes ameaçado de morte,Getino acabou se exilando em lugares como Peru, México e Espanha. Dentre outras realizações, publicou várias obras, inclusive ganhando um prêmio em 1963, pelo livro de contos “Chulleca”.
A respeito de partidas do núcleo de atores, foram poucas. Dentre elas, aos 77 anos, Alex Karras, em decorrência de um câncer. Ex-jogador de futebol americano do Detroit Lions e comentarista de um programa de tv, Karras enveredou em 1970 para carreira de ator, participando de filmes de comédia e musicais como “Victor ou Victoria” (1982), dirigido por Blake Edwards (“Bonequinha de Luxo”, de 1961) e contracenando com Julie Andrews , protagonista da produção. Outra obra que contou com sua presença foi “Porky’s – A Casa do Amor e do Riso” (1982), longa que influenciou roteiristas de gênero comédia para adolescentes, porém o ator ganhou fama mesmo ao participar da série “Webster“, exibida de 1983 à 1989 na televisão americana. Entre outros créditos estão alguns livros sobre sua vida como atleta e astro de tv.
Mantendo o foco nos atores, há também a atriz Sammi Kane Kraft, de 20 anos, morta em um acidente de carro em Los Angeles. A jovem havia participado da comédia “Sujou…Chegaram os Bears”, de 2005, e ainda não tinha uma carreira expressiva no cinema.
Do núcleo brasileiro uma perda representativa foi a de Regina Dourado, conhecida por vários papéis de destaque na teledramaturgia global, como a dona Lucilene, mulher de Salgadinho na novela “Explode Coração” (1995). A atriz faleceu em decorrência de um câncer, aos 59 anos, mas também deixou sua contribuição para o cinema nacional, como sua participação no filme “Amante Latino“, de 1979, no qual interpretava uma cigana dançarina, e sua estreia, em 1984, em “Baiano Fantasma“. Dourado chegou a ganhar um prêmio da crítica no Festival de Gramado, pelo longa “Tigipió – Uma Questão de Amor e Honra”, de 1986, e já na década de 90 atuou em “Corisco e Dada“, “No coração dos Deuses” e “Corpo de Delito”, vencedor do prêmio Sesc – São Paulo.
Entretanto, a perda mais chocante do mês fica a cargo da pérola cinematográfica do erotismo, Sylvia Kristel, atriz que se eternizou no clássico erótico “Emmanuelle” (1974). Devido a um câncer, Kristel faleceu aos 60 anos, em Amsterdã. A holandesa se tornou um ícone da liberação sexual na década de 70, quando protagonizou uma jovem casada que vivia um relacionamento aberto com marido e expressava sua ardente sexualidade, experimentalismos e sexo livre em lugares exóticos com seus inúmeros amantes. O filme foi baseado no romance autobiográfico da francesa Marayat Bibich, sob direção de Just Jaeckin, e surpreendeu tanto que em países como França e Japão permaneceu em cartaz por mais de uma década.
Além das sequências de “Emmanuelle“, Kristel atuou em cerca de 50 filmes, a maioria com conteúdo erótico, trabalhando com o diretor Alain Robbe-Grillet em “Jogo de Fogo“, de 1975, também conhecido pelo teor sexual em suas obras. Na filmografia de Kristel, é possível ainda destacar um outro longa belíssimo: “O Amante de Lady Chatterley” (1981). A adaptação da obra-prima de D.H. Lawrence contou com Sylvia no papel de esposa solitária de um rico aristocrata que ficou paraplégico, permitindo que ela tenha um amante que satisfaça todas as suas necessidades e fantasias.
O câncer da atriz, que enfrentou problemas com drogas, foi diagnosticado em 2003. Ela foi casada com o escritor Hugo Claus e teve um filho. Sylvia Kristel lançou em 2006 uma autobiografia, intitulada “Nua”, na qual fala sobre todos esses anos felizes e conturbados de sua vida.
Mas vamos encerrar as histórias tristes e despedidas singelas, pois os novos talentos do cinema merecem o seu espaço e alguns até são promessas para a sétima arte nos próximos anos. Uma das possíveis futuras estrelas é a búlgara Nina Dobrev, famosa pela ex-humana e recém-vampira Elena Gilbert da série de sucesso “The Vampire Diaries”. Nina pode ser vista nos cinemas através de sua participação especial no filme “As Vantagens de Ser Invisível” (2012), do autor e diretor Stephen Chbosky. O papel da atriz é secundário e bem diferente da série, mas estritamente importante na vida do protagonista: ela dá vida a Candace, irmã mais velha do problemático Charlie (Logan Lerman), que oferece uma nova perspectiva para o irmão se tornar bem diferente.
A propósito, novato na categoria, Chbosky escolheu mostrar os problemas dos adolescentes baseado no seu próprio livro, que leva o mesmo título, alterando passagens de forma a intensificar e adaptar corretamente a obra para o formato audiovisual. O cineasta conseguiu transformar um assunto batido, com dramas vividos na fase mais perturbadora da vida de muita gente, seguindo um caminho distinto, abordando temas complicados sem ser superficial e escolhendo um elenco que está conquistando seu espaço. No filme, o trio composto por Logan Lerman, de “Os Três Mosqueteiros” (2011), Ezra Miller, de“Precisamos Falar Sobre Kevin” (2011), e Emma Watson, a bruxinha Herminone da saga “Harry Potter”, pode ser visto interpretando papéis mais densos do que normalmente se veria numa produção tipicamente adolescente e americana. Chbosky surpreendeu a crítica com o seu extremo bom gosto e qualidade, tanto na produção e roteiro, quanto na direção.
E no Brasil, mais precisamente no nordeste, também temos nosso destaque: Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido por Chambinho do Acordeon. Agora ator, Nivaldo é interprete da versão de Gonzagão no auge da popularidade no filme“Gonzaga – de Pai para Filho”. Ele foi escolhido entre mais de cinco mil candidatos e apesar da grande responsabilidade de interpretar o rei do baião em seu primeiro papel, não deixa a desejar – embora também não impressione.
Assim, como em qualquer arte, o cinema tem dessas coisas: aqueles que impressionam logo na primeira aparição e outros que às vezes precisam apenas de mais uma oportunidade…quem sabe? Até o próximo mês, com mais chegadas em obras cinematográficas e (menos) partidas na sétima arte.


TEXTO PRODUZIDO PARA CINESPLENDOR EM 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mensagem para Amor de muitas vidas



E ele partiu. O homem mais humano e precioso da vida de muitos se foi. O tempo parou alguns instantes, algumas horas, talvez até há alguns meses, e mal pudemos respirar quando esse dia sofrido chegou. Ninguém disse que seria fácil, contudo saber que não haverá mais o cheiro, o calor, o beijo, nem mesmo a benção dele é talvez o que mais doa, e isso desespera, entristece e, realmente, machuca. Impregnada na alma, essa dor e o vazio não passarão nunca. Somente o tempo, senhor das mudanças, transformará a dor em saudades bonitas.
Amor de muitas vidas: Pai, Avô, “O Vida”, “O Bonito”, “O Guego”. Ele era isso. Por isso, se eu disser ao mundo o quanto sentirei a falta dele não será o bastante. Se eu gritar o quanto o amo e o amarei para sempre, também, não será o suficiente, pois ele representou a ética e a força de um super-herói, a beleza de um príncipe encantado e a justiça de um rei esclarecido. Muito do que sou devo a ele.
Todas as coisas ao longo do caminho serão apenas recordações. Quando eu envelhecer, eu o estarei esperando, porque sei que estará ao meu lado, cuidando e olhando por essa família que o adora. E ele saberá disso quando essa vida acabar e nós nos reencontrarmos ao lado do Pai e de Nossa Senhora, pois a história poderia se repetir mil vezes e, em todas elas, eu o amaria, cuidaria e seria feliz para sempre!
Descanse em paz!





Tragédias marcantes na Fórmula 1


Há 52 anos, a mais tradicional corrida automobilística conquistava o mundo: a Fórmula 1. Considerado um esporte de luxo – além das glórias e vitórias -,  a modalidade produziu  inúmeras tragédias, deixando até mesmo alguns traumas para os amantes da categoria.
Desde o seu início, morrer praticando esse esporte, surpreenda-se (ou não), faz parte do jogo. Tanto que a TV inglesa BBC intitulou o período de 1956 a 1978 de “Anos Assassinos” por causa de trinta acidentes fatais.
O circuito que mais vitimou pilotos foi o Indianapolis Motor Speedway, na cidade de Indianápolis, nos Estados Unidos. A pista oval tirou a vida de sete pilotos, todos eles norte-americanos. Um deles, Chet Miller, foi primeiro a falecer na seção de testes no local.
Em 1976, o austríaco Niki Lauda sofreu um acidente no autódromo de Nürburgring porque perdeu o controle do carro na saída de uma curva. Sua máquina bateu contra a mureta, pegou fogo e em seguida outro piloto bateu no carro de Niki, arrastando-o. Socorrido pelos paramédicos, o atleta sobreviveu e chegou a participar de outras corridas, sendo campeão mundial em 1975,1977 e 1984. Não demorou muito para largar as provas e hoje dedica sua vida aos negócios da F1.
Em 1994, outro austríaco, Roland Ratzenberger, não teve a mesma sorte. Nos treinos livres para o GP de San Marino,no autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Imola,  na Itália, ao final da curva Tamburello, a asa dianteira do Simtek soltou-se e o piloto, sem controle do carro, bateu violentamente contra o muro na curva Villeneuve. Sua morte fora anunciada oito minutos após o piloto ter dado entrada no hospital, um dia antes do acidente do maior piloto de todos os tempos.
Ídolo dos brasileiros, Ayrton Senna teve uma carreira invejável. Fora campeão em 1988, 1990 e 1991 e vice em 1989 e 1993. No entanto, o ano de 1994 fora fatídico. O piloto faleceria no autódromo de Enzo e Dino Ferrari após entrar na curva Tamburello, a mesma de Ratzenberger, ao perder o controle do carro que seguiu reto e chocou-se violentamente contra o muro de concreto. A tragédia chocou o país. Mesmo assim, até hoje Senna é considerado pela crítica, pelos fãs do esporte e até pelos próprios pilotos da F1 o maior piloto da história.
A F1 pode ser resumida a qualquer jogo: algumas vezes se ganha e outras, infelizmente, se perde (até a vida). É um risco, mas a paixão é o oxigênio, a força e a coragem para quem o pratica.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Love Me Do:Quando os gigantes de todos os tempos andavam juntos sobre a Terra

No dia 05 de outubro de 1962, uma música foi lançada pela banda que mudaria a história do mundo. Love me do foi o primeiro single dos Beatles e hoje completa 50 anos. Escrita por nada menos que uns dos maiores compositores de todos os tempos, Lennon/McCartney, foi sucesso desde o princípio, com uma gaita que tomou o lugar da guitarra e uma bateria geniosa, mexeu com os jovens naquela época e revolucionou o curso da música.
Sou suspeita de falar, porque amo quase todas as músicas desses gigantes. queria ter vivido mesmo nessa época...nesse início da Beatlemania, mas como todos os desejos não podem ser realizados...




Sem mais (pois todos os jornais e sites falaram sobre isso) e realmente para ter apenas um registro dessa data maravilhosa data no meu humilde blog , segue o vídeo:




domingo, 23 de setembro de 2012

Em delay

Agora à noite, depois de um domingo cheio de aventura e divertidíssimo, ao lado das minhas duas melhores amigas do mundo(desbravamos as Cachoeiras de PRESIDENTE FIGUEIREDO...), estava cá com meus botões, pensando em colocar apenas uma frase que definisse bem como deveria ser a minha semana e simplesmente, do nada, acessando o facebook, vejo na página inicial uma citação belíssima no mural de uma amiga muito querida Alice Regina, que tive a satisfação de conhecer em uma viagem num determinado congresso de Comunicação...heheheh. Obrigada, lindona, pois você conseguiu me dar sem querer, o que eu queria ouvir, ou melhor, ler para encerrar meu dia maravilhoso...

"Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira" Dona Cecília...



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Uma música surpreendente

Nossa, não espera que uma música super pop fosse me emocionar de uma maneira que eu seria capaz de escrever sobre a mesma, neste humilde blog. Vai parecer bobagem quando disser, mas é sério. A canção se chama Everytime e é da Britney Spears...Para quem leu e torceu o narizinho, pode ir deixando o preconceito de lado, pois a canção é realmente bonita e na versão do Glee ficou encantadora, o som do piano e a voz da nova protagonista, a melodia, tudo ajudou. Não sei se foi por motivos pessoais ou o momento que me deixou bastante interessada em falar a respeito.Há uma poesia, um drama e claro, um desabafo, não apenas para quem tem um relacionamento, mas para quem espera um amor assim.  Mas chega de blá, blá, blá, vamos a música e tirem suas próprias conclusões. Ao final da tradução, há o vídeo. Não deixem de conferir.

Toda Vez

Me note
E pegue minha mão
Porque nós somos como
Estranhos quando
O nosso amor é tão forte?
Porque continuar sem mim?

Toda vez que eu tento voar
Eu caio sem as minhas asas
Eu me sinto tão pequena
Acho que preciso de você, amor
E toda vez eu te vejo nos meus sonhos
Eu vejo o seu rosto
Você está me assombrando
Eu acho que preciso de você, baby

Eu me faço acreditar
Que você está aqui
É a única maneira
Que eu vejo
O que foi que eu fiz?
Você parece ter superado fácil

Toda vez que eu tento voar
Eu caio sem as minhas asas
Eu me sinto tão pequena
Acho que preciso de você,amor
E toda vez eu te vejo nos meus sonhos
Eu vejo o seu rosto
Você está me assombrando
Eu acho que preciso de você, baby

Eu só posso ter feito chover
Por favor, me perdoe
Minha fraqueza te fez sofrer
E essa música são as minhas desculpas

Ohhhh

De noite eu rezo
Para que em breve seu rosto
Desapareça

Toda vez que eu tento voar
Eu caio sem as minhas asas
Eu me sinto tão pequena
Acho que preciso de você, amor
E toda vez eu te vejo nos meus sonhos
Eu vejo o seu rosto
Você está me assombrando
Eu acho que preciso de você, baby











quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Roteiro Literário: a arte de escrever amazônida que encanta o mundo - parte II

Que o Amazonas é um berço de talentos para literatura, todo mundo já sabe e dando continuação ao Roteiro Literário aqui no blog, segue um pouco sobre vida e obra de mais quatro lendários escritores amazonenses. 

4. Violeta Branca

A primeira mulher a ingressar numa Academia Brasileira de Letras em 1937, Violeta Branca nasceu em Manaus em 15 de setembro de 1915 e faleceu em 7 de outubro de 2000.
Quando Violeta publicou seu primeiro livro Ritmos de inquieta alegria, em 1935, tinha apenas 19 anos e não imaginava o quanto surpreenderia a crítica pela ousadia, pelo lirismo e pelas características modernistas agregadas a um espírito de inquieta juventude em seus poemas.
Logo após se casar, Violeta Branca foi para o Rio de Janeiro e a partir daí passou mais de 40 anos sem uma nova publicação. Nos anos 80, publicou seu segundo livro – Reencontros, que não apresentou nenhuma novidade literária.
Embora tenha ficado afastada do meio cultural por um longo tempo, nossa poeta abriu caminhos para a inserção da mulher no meio literário.

5. Márcio Souza


Márcio Gonçalves Bentes de Souza nasceu em Manaus, no dia 4 de março 1946. É autor de mais de trinta obras inseridas no ambiente sociocultural da Amazônia, tais como Mad Maria, Galvez, Imperador do Acre, Zona Franca, meu amor, Silvino Santos: o cineasta do ciclo da borracha, entre outras.
Destaca-se também como cineasta, ensaísta e dramaturgo. Seu primeiro romance, Galvez, Imperador do Acre foi um enorme sucesso de crítica e de vendas, logo se tornando um fenômeno internacional. Permaneceu durante meses na lista dos mais vendidos, tendo-se tornado unanimidade até na crítica.
Os livros desse romancista incorporam o lado teórico do cientista social, da antropologia e estão fundamentados em detalhadas pesquisas históricas. Publicou também em folhetins, no jornal Folha de S. Paulo, o romance A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi, entre 1981 e 1982.
Algumas de suas obras já se tornaram minisséries de televisão, como Mad Maria e Galvez (com o nome Amazônia).  O autor sempre participa de eventos literários e como está à frente do Teatro Experimental do SESC em Manaus, é possível vê-lo por lá.

6. Milton Hatoum

Milton Hatoum nasceu em Manaus, no dia 19 de agosto de 1952. É escritor, tradutor e professor. Hatoum é considerado um dos grandes escritores vivos do Brasil e um dos mais lidos no exterior atualmente.
 Escreveu quatro romances: Relato de um Certo Oriente, Dois Irmãos, Cinzas do Norte (esse último vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura e todos os três primeiros ganhadores do Prêmio Jabuti de melhor romance) e Órfãos do Eldorado. Seus livros já venderam mais de 200 mil exemplares no Brasil e foram traduzidos em oito países, como a Itália, os Estados Unidos, a França e a Espanha.
Hatoum costuma abordar em suas obras falar de lares desestruturados com uma leve tendência política. Em suas duas últimas obras, Dois Irmãos e Cinzas do Norte, Milton Hatoum fez uma sutil crítica ao regime militar brasileiro.
O autor não mora em Manaus, mas quando é convidado, sempre marca presença nos eventos literários da capital. Seus livros podem ser encotrados em qualquer livraria da cidade e até mesmo do mundo.

 7. Tenório Telles


Tenório Telles nasceu no dia 2 de setembro de 1963, às margens do rio Purus, numa localidade chamada São Tomé. É licenciado em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Amazonas, onde também se bacharelou em Direito. Porém, foi sua paixão pela literatura que o fez trilhar os caminhos da poesia, da dramaturgia, da crítica literária, do magistério e do trabalho de “semeador de livros”.
Primeiros fragmentos, sua primeira obra, de produção independente, foi publicado em 1988.  Em seus versos iniciais já se esboçava seu comprometimento social em questionar a realidade da condição humana num meio que oprime o ser humano e o afasta de suas raízes e de seus sonhos.
Tenório Telles resume toda uma nova geração de poetas amazonenses que influenciaram e influenciam cada vez mais jovens leitores. Por muito tempo, foi possível ter acesso ao autor, mas infelizmente, ele já não mora mais em Manaus, mas deixou semeado na capital o amor pelos livros, pela leitura e pela literatura. Suas obras e feitos podem ser conferidos na Livraria Valer, onde foi editor por cerca de quinze anos.

Em breve, mais um roteiro literário. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Ano Passado em Marienbad (L'année dernière à Marienbad)

Que incrível! Estava organizando alguns documentos antigos e vejam só o que encontrei...algumas resenhas que escrevi em 2009, quando cursava Literatura e Cinema Francês II e hoje vou postar uma delas, a do filme O Ano Passado em Marienbad. Espero que gostem.



Um filme de Alain Resnais de 1961, com roteiro de Allan Robbe-Grillet, trata da ruptura da memória provocada pela morte. Num luxuoso e enorme palácio, transformado em hotel, entre corredores, salões decorados e estátuas, um estranho tenta convencer uma mulher casada a fugirem juntos. Ele diz conhecê-la. Diz que foram amantes. Entretanto, parece difícil fazê-la lembrar de que tiveram um relacionamento (ou que não tiveram) no ano passado, em Marienbad.
Seria muito simples se a narração obedecesse à seqüência dos fatos, uma ordem cronológica e houvesse nomes de personagens, mas este filme absolutamente maravilhoso em todos os detalhes revolucionou a linguagem cinematográfica e criou as bases para uma nova Sétima Arte, gerando soluções e recursos mais tarde aproveitados por todos os grandes cineastas como Stanley Kumbrick, Roman Polanski e o mais recente Joe Whight (Orgulho e Preconceito).
A ruptura da memória é provocada pelo assassinato do marido traído que atinge a mulher que se apaixona por outro. Ela é eliminada exatamente quando decide fugir com o amante, depois de voltar atrás de uma decisão: tinha proposto ficar um ano longe dele, uma espécie de teste, para ver se o caso era para valer, se o amante estava realmente apaixonado dela. Mas foi convencida a fazer as malas e deixar o marido, que praticava tiro e não permitiu a desonra. 

Marienbad é narrado pelo amante que tenta lembrar a mulher do acordo que fez um ano antes, o de ficar um ano separados para que as coisas se resolvessem. Ela, fantasma, que vaga pelo cenário da sua morte, não lembra de nada e pede que o deixe em paz, mas ele a persegue e a atormenta com as lembranças, exigindo que reencontre aquele momento em que poderiam fugir juntos, talvez para que fosse possível a fuga inspirada pelo amor.

O hotel/castelo visto à noite no plano final, sem vegetação, só granito e pedra, é a representação de uma tumba. Lá está enterrada a mulher que ousou amar e fugir de um casamento estéril. E jaz uma elite que treina o tiro enquanto convive de maneira impassível, indiferente e criminosa, isolada do resto do mundo. A imagem em que todos aparecem imobilizados no jardim, totalmente fundada no pintor italiano De Chirico, expressa essa classe social morta.

A memória fragmentada, precária, escassa, rodeando um sentimento, uma promessa, as dúvidas, levam a vanguarda do pensamento e da criação para os mais altos níveis da expressão artística. Houve o desenlace, o crime, e a mulher vaga, morta, pelos corredores e quartos.


O deslumbre visual, a complexa trama, a qualidade poética do texto, as situações de conflito (como a do jogo em que o marido traído sempre ganha), a presença de personagens que não possuem fala, mas ocupam a tela com a força das histórias inesquecíveis, fazem de Marienbad um filme de mestre que deve ser visto e revisto sempre.