domingo, 9 de setembro de 2012

Vede, mortais! Hoje o Brasil perdeu um dos seus maiores poetas

A Literatura Amazonense está em luto. Na tarde deste domingo, dia 9 de setembro, faleceu o poeta e imortal(membro da Academia Amazonense de Letras), Luiz Bacellar, vítima de falência múltipla, decorrente de câncer no pulmão. 


Bacellar havia completado na última quarta-feira, 84 anos. Um dos maiores poetas do Amazonas foi um dos fundadores do lendário Clube da Madrugada, principal grupo literário amazonense, em 1954 e consagrou-se como escritor do haicai e da Amazônia.


Sua obra contempla elementos de forte componente erudito, influenciado por Fernando Pessoa e Frederico Garcia Lorca, com uma linguagem recheada de metáforas, que de primeiro momento podem parecer simples, por terem graça e ritmo ágil,  mas são carregadas de significados íntimos e fortes, além disso, também preservava o uso rígido da língua portuguesa, com um vocabulário tenso, tudo isso ao mesmo tempo em que retratava temas como a cultura popular e o folclore. Era realmente um poeta único.

Luiz Bacellar é autor de "Frauta de Barro", seu primeiro livro, com o qual venceu o Prêmio Olavo Bilac, da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1959. Outra obra é o livro de sonetos 'Quarteto', considerado por Thiago de Mello um dos melhores da poesia nacional. Também escreveu  'Sol de Feira' e o haicai "Satori"(que diga-se de passagem, é um livro delicioso, cheio de  graça e com toque de sabedoria oriental, com jeitinho amazonense...).

Sim, deve-se ficar triste por um momento por perder um ser humano ilustre como este, mas deve-se lembrar da sua obra que permeia nossa existência, nossa vida simples e acima de tudo, o mundo amazônico no qual ele vivia e percebia o seu próprio mundo...

Segue o meu poema favorito do autor o livro Frauta de Barro:

Ciranda à roda de um tronco


Mangueira de minha rua
Do velho tronco enrugado
Que serve de alcoviteira
Ao casal de namorados.

O vento mexericando
Com tuas folhas assanhadas
Te arrepia as verdes franjas
Em murmúrios assustados.

As formas dos papagaios
Te pendem das galharias
Como brancos esqueletos
De duendes enforcados.

Te escorre o luar das folhas
Com seu brilho niquelado
Como um colar de rainha
Sobre um dossel desfiado.

Mangueira de minha rua
Vivo cheio de cuidados
Pela ingrata que tortura
Meu coração macerado.

E hei de quebranto e saudade
Morrer contigo abraçado.




A obra de Luiz Bacellar compõe-se por:

Frauta de Barro ( 1963)
Quatro Movimentos (1963)
Sol de Feira (1973) Editora Umberto Calderaro, Manaus
O Crisântemo de Cem Pétalas (1985) em co-autoria com Roberto Evangelista; editado pela Prefeitura Municipal de Manaus; republicado só com os poemas de sua autoria, como “As Pétalas do Crisântemo”, integrando a reunião intitulada Quarteto (1998), edição da Editora Valer de Manaus, com apoio da Fundação Biblioteca Nacional.
Satori (1999) Editora Travessia, Manaus
Os dois primeiros livros, premiados pela Academia de Letras em 1959, e publicados quatro anos depois, pela Livraria São José , no Rio de Janeiro,  já nos apresentam uma obra madura, rica e diversificada. 








sábado, 18 de agosto de 2012

"Uox animae"

Estou doente da alma.Sinto um vazio,
Um vazio aqui dentro, que aperta o peito e
Se mostra em mil pedaços.
O espelho, a farsa, os ecos.
Falta algo. Falta tudo. Falta o mundo.

***Tentativa frustrada de se começar um poema...




terça-feira, 14 de agosto de 2012

É preciso ler o mundo para ler...

Depois de ler e produzir matérias a respeito da falta de leitura na vida dos brasileiros resolvi deixar registrado aqui, neste blog a minha insatisfação contínua com sistema público de educação e ainda levantar uma questão: O que podemos fazer para mudar esta realidade, já que não é novidade que o Brasil é um país de poucos leitores?

A pesquisa divulgada na última semana pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência, aponta que o brasileiro está lendo menos.  De acordo com o levantamento nacional, o número de brasileiros considerados leitores – aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011.

Há sim todo um atraso cultural e social, falta de Escolas e bibliotecas, tudo isso colabora com esses baixos índices, além de uma série de entretenimentos que são sedutores aos olhos da maioria, como por exemplo, os quais a pesquisa mostrou, como a preferência dos brasileiros: assistir à TV (85% em 2011 vs. 77% em 2007), escutar música ou rádio (52% vs. 54%), descansar (51% vs. 50%), reunir-se com amigos e família (44% vs. 31%), assistir a vídeos/filmes em DVD (38% vs. 29%) e sair com amigos (34% vs. 33%). Mas não podemos ficar para sempre neste mesmo disco.

Há diversas ações sendo realizadas em vários cantos do país, mas nenhuma ainda trouxe resultados esperados ou acima das expectativas. Cada vez mais a gente percebe que não basta o governo investir em milhares de projetos de incentivo à leitura se não tem profissionais competentes para incentivar realmente a leitura ou melhor inserir de vez esse hábito  na vida do brasileiro. Ë isso mesmo, falta gente que consiga colocar na cabecinha das crianças, jovens e adultos que sem leitura e leitores um país não vive. 

 A ideia aqui é questionar soluções plausíveis e não utópicas, como mudar esse pensamento mínimo de lazer e conforto. O fato é que a escolaridade, a classe social e o ambiente familiar estão profundamente relacionados com a penetração da leitura e a média de livros. E volto a questão inicial, o que nós podemos fazer para mudar isso??? É simples: cobrar, ler mais e cobrar, porque é para isso que elegemos os políticos, para nos representar nessas questões. Então fiquemos atentos nessas eleições, pois o ideal é ajudar a mudar o nosso país e não nos acomodar. Pensemos: É preciso ler o mundo para ler com competência(parafraseando Moacyr Gadotti).



domingo, 24 de junho de 2012

Enfim, Orgulho e Preconceito - III Encontro Regional JASBRA/AM, no Clube do Livro na Saraiva

Para o deleite de qualquer fã de Jane Austen, neste sábado, dia 30, será realizado o III Encontro Regional da Jane Austen Sociedade do Brazil no Amazonas, em comemoração ao Bicentenário da segunda maior obra da Inglaterra, (perdendo apenas para O Senhor do Anéis) é ele minha gente, Orgulho e Preconceito.

O livro será debatido no espaço cultural Thiago de Mello, na Saraiva do Manauara Shopping e promete muita diversão já que é a obra mais famosa da escritora inglesa e algumas pessoas estarão vestidas a caráter (roupas do século XIX).

Segundo as organizadoras do evento, eu mesma e a Karen Michella, haverá a apresentação da obra, depois a discussão em torno dela e um delicioso chá. Além de sorteios de brindes e apresentação de cenas clássicas tanto dos filmes quanto da série.

Orgulho e Preconceito é sem dúvida o clássico mais perspicaz, divertido, irônico e atemporal da obra de Jane Austen. Foi encenado e filmado por diversas vezes. Há versões de 1945 até adaptação em filme bollywoodiano. Uma das últimas edições que li, foi justamente a da editora LPM, que abaixo transcrevo o prefácio de nada menos que Ivo Barroso sobre a obra e define muito bem a importância do livro:


Tradução de Celina Portocarrero
Prefácio de Ivo Barroso
“É verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro em posse de boa fortuna deve estar necessitado de esposa.”
É com essas palavras que Jane Austen inicia Orgulho e preconceito, conduzindo o leitor diretamente ao lar dos Bennet, família com não menos que cinco noivas em potencial: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. Quando o sr. Bingley e o sr. Darcy, dois jovens distintos, chegam a Hert­fordshire, todas ficam em alerta: eles são solteiros, bonitos e, claro, donos de uma boa fortuna. O que poderia ser uma típica história de amor é, nas mãos de uma das escritoras de língua inglesa mais difundidas pelo mundo, um espetáculo de grandes personagens e diálogos sagazes, com um timing perfeito para a ironia.
Jane Austen desafiou as convenções sociais ao criticá-las pelas entrelinhas, pontuando seus livros com toques de humor que só uma observadora perspicaz e uma brilhante escritora poderia unir. Suas histórias, passadas na Inglaterra da virada do século XVIII para o XIX, falam para os leitores de todas as épocas. Segundo o crítico Harold Bloom, os livros de Jane Austen passarão para a posteridade juntamente com os clássicos de William Shakespea­re e de Charles Dickens.


E faço minhas as palavras de Amanda Price, da série Lost in Austen: Amo Orgulho e Preconceito, amo a história, a Elizabeth, Mr. Darcy, amo as maneiras, a linguagem e a cortesia. Faz parte de mim, do que eu sou e do que quero.

Todos estão convidados para o evento:

III ENCONTRO REGIONAL JASBRA/AM: Em comemoração ao Bicentenário de Orgulho e Preconceito

Obs: Levem seu livro!!!

Local: Espaço Cultural Thiago de Mello, na Saraiva Shopping Manauara
Data: 30 de junho de 2012
Horário: 19h
Entrada franca



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Músicas que amo, de bandas que adoro - parte I: In My Dreams

Reo Speedwagon é bom demais...Descobri  a banda um pouco tarde, em 2008, mas valeu à pena conferir...Essa música é uma das minhas preferidas e desde ontem não sai da minha cabeça...corresponde a quase tudo que estou sentindo no momento...
In My Dreams
Houve um tempo em algum tempo atrásQuando cada amanhecer significava um dia ensolarado, oh um dia ensolaradoMas agora, quando a luz da manhã brilhaEla só atrapalha a terra dos sonhos onde me deito, oh onde eu me deitoEu costumava agradecer ao senhor, quando eu tinha despertarPara a vida, do amor e do céu dourado acima de mimMas agora peço as estrelas continuarão brilhando, você vê nos meus sonhos você me amaDaybreak é um momento alegreBasta ouvir as harmonias songbird, oh as harmoniasMas eu gostaria que o amanhecer nunca viriaEu gostaria que houvesse silêncio nas árvores, Oh as árvoresSe eu pudesse ficar dormindo, pelo menos eu poderia...




Um pouco mais sobre REO SPEEDWAGON

Banda de rock americana que fez muito sucesso nos anos 80, principalmente nos EUA, e apesar das inúmeras mudanças na formação original de 1968 (principalmente em relação ao vocalista), ainda existe, e continua a tocar ao vivo e a lançar discos. O nome da banda vem de um caminhão (Reo Speed-wagon) produzido pela fábrica americana REO.


Atualmente eles estão fazendo várias turnês juntos com grupos do mesmo estilo como Journey e Styx. Até hoje são considerados ícones do soft-rock.


E muito mais no site da banda: http://www.speedwagon.com



domingo, 10 de junho de 2012

A primavera inacabada na Síria


Em 2011, uma onda de protestos se espalhou pelo Oriente Médio e norte da África, que derrubou quatro ditadores em um ano e matou milhares de pessoas. Esse ato histórico está sendo chamado de Primavera Árabe.
O início dessa revolta se deu com uma ação desesperada de um jovem tunisiano, desempregado, que ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Depois disso, protestos se espalharam pela Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen e na Síria que ainda está em andamento.
Os protestos na Síria começaram em frente ao parlamento sírio e a embaixadas estrangeiras. O presidente Bashar al-Assad afirmou que seu país está imune a todos os tipos de protestos em massa como os que ocorreram na cidade de Cairo (Egito). Bashar al-Assad, tem mantido o poder com mão firme nos últimos dez anos.
Como vários outros países do oriente médio, a Síria sofria com retrações econômicas e altos índices de desemprego.  A situação socioeconômica, como a deterioração do padrão de vida e a redução do apoio do governo aos pobres aumentaram o descontentamento da população.
No momento da revolta, a Síria estava sob estado de emergência e desde a década de 60, sob  estado de exceção, o que dava às forças de segurança a autoridade de prender qualquer um que quisessem sem declarar um motivo.  Todos os partidos políticos foram banidos da Síria, fazendo do partido do governo o único a concorrer nas eleições.
Movimentos liderados, na maioria das vezes, pela Irmandade Muçulmana, foram reprimidos pelo governo que não aceitava qualquer manifestação de oposição. Durante anos, distúrbios civis foram fortemente reprimidos, causando centenas de mortes, como no massacre de Hama, em fevereiro de 2012, no qual as Forças Armadas da Síria bombardearam uma Irmandade Mulçumana.
Soldados desertores e civis armados da oposição formaram o chamado Exército Livre Sírio para iniciar uma luta convencional contra o Estado. A oposição finalmente se uniu em uma única organização representativa formando o chamado Conselho Nacional Sírio.
Em resposta aos protestos, o governo sírio enviou suas tropas para as cidades revoltosas com o objetivo de encerrar a rebelião. O resultado da repressão e dos enfrentamentos com os opositores acabou sendo de centenas de mortes, a grande maioria de civis.  
 Os combates continuam se intensificando cada vez mais, assim como as incursões das tropas do governo em áreas controladas por opositores. Segundo o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, face à violência dos combates em algumas zonas da Síria, já é possível classificá-los como uma guerra civil localizada.   
Ainda de acordo com ele, a situação pode ser de conflito interno armado em certas áreas, um exemplo foi o confronto em Baba Amr, em Homs, em fevereiro de 2012, que matou cerca de cinco mil pessoas nos bombardeios da ofensiva do governo, sendo a maioria delas civis.
A oposição síria, a ONU, direitos humanos e governos ocidentais denunciaram que Bashar al-Assad, desrespeitou o plano de paz que ele próprio havia aceitado semanas antes e desobedeceu o cessar-fogo, ao retomar os ataques à áreas controladas pela oposição, em abril de 2012, no prazo estabelecido pela ONU.  E assim essa primavera ainda não está próxima do fim, pois a batalha continua e milhares de pessoas continuam a morrer nesse fogo-cruzado.


*Texto produzido para disciplina de Jornalismo Especializado: Interpretativo,

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Em apoio aos Mestres da UFAM


Professores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) continuam em greve desde o dia 17 de maio e poucos veículos de comunicação estão dando a devida importância ao fato de que cinquenta Instituições Federais do país, incluindo a nossa, aderiram à greve.
Mesmo com o Ministro da Educação repetindo inúmeras vezes que não há motivos para greve, ele não consegue convencer nem a si mesmo, nem aos professores que ainda não tinham aderido e muito menos a sociedade.
Para quem ainda tem dúvida ou realmente ainda não sabe da luta dos professores federais, passo a descrever aqui, o que a categoria com todo direito, reivindica: Carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho. Hoje, o vencimento básico de um professor federal é de R$ 557,51, para uma jornada de 20 horas semanais. O acordo emergencial firmado entre o Sindicato Nacional e o governo.
Aos Mestres com carinho, dou todo meu apoio, torço e reivindico também o direito de melhores condições financeiras à uma das profissões mais dignas do mundo e que deveria ser melhor reconhecida em todo país. Podemos não mudar o mundo, mas ajudar e apoiar a causa (que não é só deles e sim da sociedade) já são um belo começo.
Assista abaixo, o vídeo: Carta Aberta dos Professores de Universidades Federais do Brasil à Sociedade:



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Minha primeira filha...

Logo que cheguei à UFAM, em 2007,  me envolvi em inúmeras coisas e atividades, desde Centro Acadêmico e até Eleições para Reitoria, mas uma única que realmente entreguei a minha alma tem nome e sobrenome: Revista Identidade - Acadêmica e Cultural, a qual vou apenas postar a capa para matar a saudade. Preciso fazer alguns agradecimentos...

Agradeço à Nereide Santiago, professora pós-doutora, que assinava embaixo, quase tudo o que eu escrevia e planejava. Ao meu irmão, meu Sammy Ulysses Chagas e braço direito, além de ser um grande editor de texto e futuro psicólogo. Também não posso esquecer jamais dos nossos colaboradores, colegas e outros professores, Eric Carvalho, Werner Vilaça,  Edson Santos, Deive Garcia na Diagramação, Alessandra Luiza na HQ e Professora Dra. Michele Brasil, que apoiaram a causa da revista e publicaram seus textos nela.

Enfim,  a todos os sonhadores desse Brasil que sabem o que é lutar por um mundo melhor, por uma vida melhor na busca pelo seu sonho, mesmo que não dure para sempre.